MartyMcfly: presente e futuro: escolhas e lições.
Você já deve ter visto o filme “De Volta para o Futuro” certo?
Tá, eu sei que a trilogia foi lançada entre 1985 e 1990, mas se tornou um clássico, então imagino que você conhece Marty McFly, o doutor Emmett Brown, e o Delorean (o carro responsável pelas viagens no tempo).
Vou partir da premissa que você assistiu ok? Vamos em frente.
No filme “De Volta para o Futuro II”, Marty McFly viaja para o ano de 2015 e encontra seu eu mais velho, vivendo uma vida muito diferente da que ele esperava.
No futuro, Marty é provocado por Needles, um antigo rival que o desafia a participar de uma corrida em uma estrada sinuosa e perigosa. Needles o insulta, chamando-o de covarde, e tenta usar o orgulho de Marty para manipulá-lo. Apesar de Marty saber que é uma má ideia, ele se deixa levar pela raiva e pela necessidade de provar a si mesmo. Ele aceita o desafio.
A corrida acaba em desastre. Marty perde o controle do carro, que se envolve em um acidente grave. Esse momento marca o ponto de virada em sua vida: a lesão o impede de continuar sua carreira musical, destruindo seu sonho. Além disso, o incidente mancha sua reputação, levando a problemas no trabalho e afetando profundamente sua vida pessoal e financeira.
Ao ver isso, Marty percebe como uma decisão impulsiva, motivada pela necessidade de validação no presente, comprometeu todo o seu futuro.
Quando retorna ao ano de 1985 (o presente, no filme), ele encontra-se novamente em uma situação onde é desafiado e provocado. Desta vez, o provocador é Douglas J. Needles, que novamente tenta manipulá-lo, desafiando-o para uma briga, apelando para o orgulho de Marty e chamando-o de “covarde”.
Marty se lembra do que viu no futuro — como ceder à provocação o levou a um desastre. Ele tem uma escolha a fazer: agir impulsivamente e aceitar a luta, ou resistir e preservar seu futuro. Desta vez, ele faz a escolha mais sábia. Marty respira fundo, pensa nas consequências e, com dificuldade, recusa a luta.
Essa decisão de resistir à tentação de lutar fez toda a diferença, Marty protege sua integridade, mantém suas oportunidades de carreira e evita as consequências desastrosas que ele viu no futuro alternativo.
Você: presente e futuro. Por que você escolhe mal?
Agora vamos sair das viagens ao futuro um pouco, mas sem esquecer do que acabamos de aprender com o Marty McFly, ao relembrar cenas do filme.
Você deve se pegar, diariamente, fazendo escolhas que trazem benefício imediato, mas que se você pensar bem, percebe que não trazem benefício futuro, ou até pior, trazem prejuízo futuro.
Correto? Ok, primeira coisa importante a esclarecer é que você não está sozinho.
Essa é uma tendência natural de nosso cérebro, mas que podemos superar, e vamos ver como, você somente precisa tomar a boa decisão de continuar lendo este texto, confia, vem comigo.
Deixa eu compartilhar um exemplo simples da minha própria vida.
Eu odiava lavar louça, dava sempre um jeito de fugir, inventava qualquer outra atividade. Mas, já devem imaginar o resultado disso. Sim, em algum momento eu tinha de lavar a louça, e daí já podem imaginar né? O trabalho era muito pior, eu tinha de então enfrentar literalmente um serviço sujo (olha, sujo mesmo, de gerar arrependimento).
Quando encarava aquela pilha gigante e suja, que mais parecia um monstro de filmes de terror, sempre pensava: “Meu eu do passado é um preguiçoso, me deixou na ruim de novo”.
Até que resolvi romper o ciclo, eu queria que o meu eu do futuro gostasse do meu eu do passado, e para isso passei a lavar as louças com frequência, no começo era “na força do ódio mesmo”, até que fui criando estratégias para “reduzir o atrito”, facilitar o comportamento que eu queria ter.
Trouxe junto da louça algo que gosto muito, ouvir podcasts, então não era mais o momento de lavar a louça, mas o momento de ouvir podcast, o acessório era lavar a louça enquanto fazia isso.
E o melhor de tudo, chegar no outro dia de manhã, para preparar o café, ter tudo limpo, e dizer para mim mesmo: “Obrigado meu eu do passado, você é o cara mais legal que eu conheço”, e esta conversa gera uma outra conversa, agora quando vou lavar a louça: “Meu eu do futuro, esta é pra ti, pois sei que você estará grato e feliz para fazer o melhor café da manhã em família”.
Percebeu?
Como uma ação tem um efeito dominó, que vai gerando um corrente de gratidão e novas boas escolhas.
Mas vamos me deixar de lado um pouco, e voltar a falar sobre o cérebro, como funciona tudo isso.
Tudo que abordei acaba sendo reflexo de dois fenômenos:
- Desconto Hiperbólico.
- Sistema Luta ou Fuga.
Desconto Hiperbólico: A Armadilha do Agora
Nosso cérebro é projetado para valorizar o que está ao alcance. Esse fenômeno é conhecido como desconto hiperbólico. Ele descreve como tendemos a desvalorizar as recompensas que só serão alcançadas no futuro, preferindo as gratificações imediatas, mesmo quando sabemos que esperar poderia nos trazer benefícios maiores (lembra da louça limpa para o café da manhã, Marty corrigindo o rumo da vida dele?).
Por que isso acontece? A resposta está em nossa história evolutiva. Nossos antepassados precisavam agir rapidamente para sobreviver, priorizando recursos imediatos em vez de esperar por algo incerto. No mundo moderno, no entanto, essa tendência pode nos levar a decisões que não se mostram as melhores, como gastar em vez de economizar, ceder a tentações alimentares, ou procrastinar tarefas importantes.
Luta ou Fuga: A Impulsividade que Nos Sabota
Outro fator que contribui para essas escolhas é a nossa resposta de luta ou fuga. Esse mecanismo instintivo, que prepara o corpo para enfrentar ou escapar de uma ameaça, também influencia nossa tomada de decisão. Quando sentimos que algo ameaça nosso bem-estar imediato — seja uma crítica, uma pressão social, ou um desafio — nossa primeira reação pode ser agir impulsivamente para nos proteger.
O problema? Essa reação rápida muitas vezes nos impede de pensar nas consequências a longo prazo, levando-nos a tomar decisões que favorecem o agora (vejo TV e não lavo a louça), mas comprometem o futuro (aquela pilha de louça suja que parece um monstro de filme de terror).
Como fugir dessa cilada? 6 Técnicas para quem não tem uma máquina do tempo.
Eu sei, a primeira reação sua foi praguejar por não ter uma máquina do tempo, ou talvez você seja o tipo cientista, e já tenha pegado seu notebook para tentar projetar uma.
Calma! Não precisamos de nada disso. E, sinceramente, eu já perdi a conta de quantos filmes de viagem no tempo eu vi, e nem todos são como “De Volta para o Futuro”, em grande parte deles acontece uma grande m&rd@, melhor não brincarmos com as forças do universo e da natureza.
Vamos a 6 técnicas mais simples, mas de extrema eficácia se devidamente aplicadas, conforme já comprovado pela psicologia e neurociência.
- Reestruturação Cognitiva: Questione seus pensamentos automáticos que levam à gratificação imediata. Reflita sobre as consequências de longo prazo e reavalie o valor da espera.
- Visualização do Futuro: Imagine com clareza os benefícios futuros. Estudos mostram que a visualização vívida pode tornar esses benefícios mais reais e motivadores.
- Compromissos Públicos: Compartilhe suas metas com amigos ou familiares. O compromisso público aumenta a responsabilidade e a chance de você manter suas decisões.
- Técnica dos 10 Minutos: Quando sentir a tentação de ceder, espere 10 minutos. Esse pequeno intervalo pode ser suficiente para que o impulso diminua e a razão prevaleça.
- Divisão de Metas: Quebre suas metas de longo prazo em etapas menores. Cada pequeno sucesso no presente reforça seu compromisso com o futuro.
- Mindfulness e Meditação: A prática de mindfulness ajuda a aumentar a consciência dos impulsos e a fortalecer o autocontrole. A meditação regular pode mudar a atividade cerebral e melhorar a capacidade de resistir à gratificação imediata.
- Mas não eram 6? Esta é meu bônus, não validado ainda pela neurociência e psicologia. Lembra da minha história da louça? Cria na sua imaginação o seu eu do futuro e o seu eu do passado (o eu do presente não precisa, é você mesmo que está lendo este texto), e tome decisões que faça eles serem amigos, mais do que isso, que faça com que eles admirem um ao outro, sejam gratos, queiram o melhor um para o outro. Acredito que você pratica melhor esta amizade com terceiros do que consigo mesmo, mas tenta com você. Sem validação científica, mas talvez esta seja a técnica mais poderosa.
Espero que o conteúdo te faça refletir sobre suas escolhas, decisões, e perceber o quanto o seu presente está condicionado pelo que você já fez ou deixou de fazer.
E se tem coisas que gostaria que fossem diferentes hoje, lembre que seu eu do passado te trouxe até aqui, mas não fique lamentando, não temos máquina do tempo.
O que você tem é sempre a máquina do tempo do futuro, em certa medida, pois pode criar as mais incríveis condições para o seu eu do futuro, seu grande amigo, simplesmente tomando melhores decisões hoje.
Escolha bem hoje, crie sua vida incrível de amanhã!