Mundial de Ironman e Kona: o sonho distante que dá significado à vida.

O sonho deve ser uma ideia, que leva a uma pergunta, e uma jornada.

O que quero dizer?

Hoje serei breve, pois passei toda a tarde assistindo o Mundial masculino de Ironman que este ano foi novamente na icônica ilha de Kona, onde a história do Ironman começou.

E sim, passei toda a tarde, pois mesmo os primeiros colocados do profissional levam acima de 7 horas, perto de 8 horas para concluir a prova.

Mas exatamente a prova, o Ironman, e todo este contexto me trouxe a reflexão, que vou trazer de forma simples e direta.

As pessoas falam muito de sonhos, propósito, significado de vida, felicidade, metas, objetivos, processo, jornada, caminho, há ideias e teorias para todos os lados.

Mas e na hora de ter clareza e saber o que fazer? Aí a confusão começa, e o que parecia claro já não parece tanto, e ficamos todos perdidos no mar de teorias e ideias.

Então como ser feliz? Qual a vida com propósito?

Vou usar uma ideia simples, que pode ajudar.

E vou me utilizar de uma ideia que usei em outras newsletter, de Naval Ravinkant, ao falar sobre propósito de vida, ele refere que se trata muito mais da pergunta do que da resposta, e ele ressalta muito o quanto a curiosidade nos move.

Vou partir exatamente deste ponto, conectar com a minha própria vida, e com o Mundial de Ironman em Kona.

Comecei a pedalar aos 40 anos. A primeira vez que ouvi falar de Kona, foi durante um pedal com um amigo. Ele estava falando de Kona, de uma prova em Kona, para não passar vergonha só assenti como se soubesse do que ele estava falando. Eu não fazia a menor ideia.

Mas além do ciclismo, aos 41 comecei a nadar e correr, e aos 42 anos comecei a praticar triatlo mesmo, e competir.

Logo que entrei no esporte, o treinador que segui na época, estava exatamente indo participar do Mundial de Ironman em Kona. Finalmente entendi do que se tratava, conheci a mágica ilha no Havaí, que sedia a prova, e que foi o local onde a prova do Ironman nasceu, foi onde tudo começou.

Na época confesso que não tinha um sonho definido em relação ao triatlo, estava ainda obtendo clareza, vendo se haveria uma jornada para mim neste esporte.

Com o passar do tempo se tornou mais que um esporte, mas se incorporou como um estilo de vida.

Então o triatlo entrou definitivamente na minha jornada, e minha jornada passou a ser em grande parte vinculada ao triatlo. Passei a competir em provas, buscar desafios, distâncias maiores para desafiar meus limites físicos e mentais.

No final do ano de 2023 mudei de treinador, entre outras mudanças de vida, e no começo de 2024 me ocorreu de fazer o Ironman, surgia este objetivo na minha vida, na minha jornada.

Por que objetivo e não sonho?

Porque era algo difícil, um grande desafio, mas com um alcance próximo de ser realizado.

E aqui é o ponto para mim, onde penso que há muita confusão.

O sonho deve ser realmente distante, deve ser como um propósito maior, o norte de uma bússola. Pensem, a bússola aponta para o norte, mas não quer dizer que somente por isso eu vá atingir o extremo norte do planeta, somente quer dizer que meu caminho está em rumar para o norte.

Entre o sonho, distante, e onde estamos vivendo hoje, no presente, devemos colocar um grande número de pontos intermediários, e estes que vamos alcançando, que são os objetivos e metas.

Precisamos de marcos intermediários porque nosso sistema de motivação depende da dopamina, que por sua vez, depende de recompensas, de vitórias, para nos manter em busca de mais.

Pela mesma razão, entendendo que a dopamina nos leva sempre a buscar mais, e que temos um mecanismo chamado de adaptação hedônica, que nos faz nos acostumar com o que temos, e buscar mais, exatamente isso tudo indica o sonho como algo distante.

Deixa eu voltar para a minha vida.

Criei objetivos, fazer meu primeiro Ironman, e fiz. Depois fazer meu segundo Ironman e baixar o tempo, fiz e baixei. E assim continuo marcando no mapa e relógio da vida metas e objetivos, vitórias alcançáveis no caminho, para manter a dopamina me levando em frente.

Mas me levando para onde?

Se eu não perceber que há um norte me guiando, vou me sentir vazio, vou fazer provas, mas elas serão atividades desconectadas na minha vida.

Pense em você. Muitas vezes você faz atividades interessantes, que gosta, mas ainda assim sente um vazio, pois falta um propósito, está tudo solto, desconectado.

O sonho, o propósito maior, é o norte desta bússola, que conecta todos os pontos, as metas e objetivos se ordenam a partir do sonho/propósito, então na medida que você vai os conquistando, se sente como se estivesse ganhando no jogo, mas ganhando de uma forma coordenada, sabe que está se movendo para frente, está indo para o seu norte.

É como diz Naval, é muito mais sobre a pergunta, a curiosidade.

Você é provocado para saber o que tem por trás de suas conquistas, o que vem depois, quer saber como seguir progredindo, como progredir, por que progredir, fica curioso pelo que vai encontrar ao fazer cada curva da jornada alinhada entre seus objetivo e o sonho distante.

E o mundial de Ironman? E Kona?

Penso como meu sonho distante, o propósito final que alinha os pontos desde meus treinos até minhas provas de Ironman.

Você deve estar se perguntando se eu realmente acredito que vou para o Mundial de Ironman em Kona?

Eu não preciso acreditar. O que eu preciso é ter a curiosidade, fazer a pergunta se posso, como seria.

Eu só preciso alinhar um ponto distante, o sonho lá no alto, o propósito maior, Kona.

Daí aguço a curiosidade, faço perguntas de como chegar lá. Traço objetivos ao ir respondendo a estas perguntas, então vão surgindo as metas, os treinos, provas, tempos, condicionamento físico e mental, treinadores, amizades, viagens, relacionamentos. E surge uma jornada, toda uma caminhada minha se desenrola a partir disto.

Já vivi momentos incríveis, fiz grandes amizades, descubro coisas novas, me surpreendo em vários momentos, sou inspirado, e também inspiro, sim, várias pessoas já começaram no triatlo por influência minha, direta, ou mesmo indireta.

Olha tudo que acontece na jornada, simplesmente a partir de um sonho que organiza e dá sentido a toda uma jornada de experiências e de uma vida.

Outra metáfora que pode ajudar. O Sol como organizador tendo planetas girando em torno dele. Esta a função do sonho, ele organiza e dá sentido a todas metas e objetivos.

Isto cria uma jornada com real sensação de propósito, de significado de vida.

Tá, mas eu vou o não para Kona?

Provavelmente não vou, mas isto não tem importância nenhuma, e não desqualifica a importância e validade do meu sonho.

Seu sonho organiza e dá significado às suas metas e objetivos.

Sonhe.

Vamos para Kona?

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