Confúcio, passageiro e motorista: embarque na sua segunda vida, descubra o seu “superpoder”.

Você está vivendo sua primeira ou a sua segunda vida?

Minha pergunta pode ter soado um tanto estranha, eu sei.

Mas a base dela é uma frase de Confúcio, e algumas reflexões minhas.

Eis a frase dita por Confúcio:

“Temos duas vidas, e a segunda começa quando percebemos que só temos uma.”

O que me surge desta frase.

Na primeira vida, parece que realmente ignoramos que só temos uma, vivemos como se fôssemos imortais. Em que sentido?

Aceitamos o condicionamento da sociedade, cultura, família, escola, amigos, colegas de trabalho, e seguimos o plano que nos apresentam, ou simplesmente tentamos competir com todos.

Desperdiçamos nosso tempo perseguindo objetivos que nos disseram para perseguir, ou mesmo competindo como nossos pares, as pessoas próximas, querendo nos mostrar melhores que os outros.

Por que não ignoramos tudo isso e seguimos nosso próprio caminho? Primeiro, porque normalmente nem saberíamos dizer qual é o nosso caminho, e segundo, porque temos o medo da rejeição, por sermos diferentes, e da frustração e vergonha, se fracassarmos ao tentar ser diferentes.

Imagina ter que ouvir: “Eu te falei que isso não daria certo”.

Mas o interessante que hoje estava ouvindo o episódio de um podcast do Joe Rogan com Naval Ravinkant, e este, ao ser perguntado sobre o sentido da vida, respondeu algo mais ou menos assim. Ele disse que mais importante que a resposta, é a pergunta. A pergunta que nos faz procurar a origem de tudo, que justifica nossa existência, e que nos aponta qual o nosso propósito. Ele diz que basicamente há três “finais” possíveis: ficamos em uma sequência de infinitas perguntas, ou caímos em alguma resposta circular, ou por fim, chegamos a um ponto definido por um consenso, como Deus, ou o Big Bang, ou algo assim, um início hipotético que nos impeça de voltar para a primeira solução. Mas ele complementa dizendo o porquê da importância residir mais na pergunta do que na resposta, pois como visto, as respostas podem ser várias, não existe uma única resposta, e exatamente isto que enriquece a experiência humana.

Segundo Naval, se houvesse uma única resposta certa, estaríamos fadados a simplesmente seguir um caminho, passaríamos a agir como robôs programados, meros autômatos. Mas a multiplicidade de respostas nos permite focar na pergunta, na curiosidade, o que nos permite criar uma vida de significado e com propósito das mais variadas formas.

Partindo desta ideia, faz mesmo sentido vivermos todos de uma forma igual? Parece que aplicamos o famoso “copia e cola” dos editores de texto na vida real, e seguimos condicionados, jogando um jogo de regras abertas como se fosse de regras fechadas?

É como passar a vida jogando banco imobiliário. Saia do tabuleiro, você tem a liberdade para direcionar sua vida em qualquer direção.

Uso esta metáfora porque ela surgiu espontaneamente em uma conversa que tive, quando estava vivendo meu período de transição e período sabático, após deixar a carreira de 20 anos na advocacia.

Eu disse que não sentia mais qualquer propósito e significado no que fazia, me sentia jogando um jogo de tabuleiro, como banco imobiliário, parece que somente movia peças de um lado para o outro, observando regras de um jogo que eu nem queria jogar, e que me deixava preso em um tabuleiro, me afastando de uma vida real, me impedindo de realmente contribuir com as pessoas, com o mundo.

Eu percebi. Estava jogando um jogo de tabuleiro, condicionado pelo que me disseram que eu deveria fazer.

Quando percebi isso, já aos 44 anos, me dei conta de que os anos estavam passando, e que como todos, vou morrer um dia, e o tempo decorrido não volta, é uma “riqueza” eternamente desperdiçada.

Eu ainda não conhecia a frase de Confúcio, mas percebi que eu somente tinha uma vida, e que não a estava aproveitando da melhor forma.

Nesse momento começou a minha segunda vida. Eu só tinha uma.

Em poucos anos passei por grandes mudanças, tanto que recorrentemente, em conversas, ao tocar em algum assunto do passado, eu digo: “Nossa, parece que eu vivi isso em outra vida!”.

E a minha percepção se conecta com a frase de Confúcio. O meu passado faz parte da minha vida, quando eu parecia acreditar que ela não acabaria, e que eu poderia desperdiçar todo meu tempo jogando um jogo de tabuleiro com as pessoas na minha volta.

Mas o que marca esse “renascimento”?

Para mim é exatamente esta consciência de nossa mortalidade, da finitude do tempo, que aumenta a nossa urgência por viver algo de real significado.

Este é o momento que nos perguntamos. Mas quem eu sou? O que que realmente quero? Quais são meus sonhos? Qual é a minha jornada?

Como aponta Naval, estas perguntas é que vão enriquecer nossa vida, nos mostrando que nosso propósito de vida pode ser algo completamente diferente do que os outros buscam, daquilo que a sociedade sinaliza.

Então tentamos vasculhar nosso eu consciente, nossa racionalidade. Mas é quando começamos a perceber o quanto esse não é o melhor caminho para tomarmos decisões sobre uma vida com significado, o nosso eu consciente racional tem grande capacidade analítica, criativa, lógica, mas lhe falta a conexão direta com as nossa camadas mais profundas, somos mais que somente um cérebro avançado intelectualmente capaz de realizar cálculos complexos.

Somos mais que um corpo e um cérebro. Temos uma mente que nos conecta, via nosso inconsciente, com nossas camadas mais profundas, com nossa alma, com nossa composição como uma parte de energia que, por sua vez, está conectada com tudo mais que existe no Universo.

Nosso eu consciente e racional é somente a ponta do iceberg.

Quando percebemos isso, entendemos que devemos mergulhar dentro de nós mesmos, e buscar nosso eu mais autêntico, que normalmente se mostrou mais na infância, antes de receber toda carga de educação e condicionamento da sociedade e cultura.

Tenho estudado o Human Design, e voltarei a falar mais disso, mas por ora basta dizer que o HD aponta que nosso eu consciente, que pensamos ser o motorista na viagem da nossa vida, é na verdade somente o passageiro, o motorista está nestas camadas mais profundas.

Portanto, o nosso eu consciente e racional pode nos ajudar muito, mas como passageiro, ele pode contribuir como auxiliar, nos ajudando com alinhamento da trajetória.

Mas e quem somos? E a definição do caminho? Estas respostas somente podem ser dadas pelo motorista, por esta sabedoria pessoal que temos dentro de nós, que nos conecta com a natureza todas as coisas de uma forma mais profunda.

Todos nós temos um desenho muito alinhado, que devidamente descoberto nos fazer viver em nosso máximo potencial.

O próprio Naval, em outro podcast que ouvi, sugeria. Quer saber qual é o seu diferencial, aquilo que te faz único, e que certamente é o seu caminho autêntico?

Pergunte para pessoas próximas da sua infância, o que você gostava de fazer, o que fazia como ninguém, qual era o seu “superpoder”.

Pense ainda, o que você faz sem sentir esforço? O que você estudaria e aprenderia mesmo que não pudesse se exibir intelectualmente para ninguém? O que você faria de bom grado mesmo que não fosse pago para isso?

Este pode ser um ótimo caminho.

Para começar a redescobrir a “criança” dentro de você.

Quem você realmente é, quem é o motorista.

E por fim.

Um ótimo caminho para você começar a sua segunda vida.

Lembre-se. Você só tem uma.

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