Do que você pode se livrar hoje?
Nossa vida é cheia de excessos, em absolutamente todas as áreas. Temos coisas demais, compramos coisas demais, falamos e escrevemos palavras demais, mensagens demais, emails demais, gastamos tempo demais, temos muitas preocupações, várias vozes em nossa mente.
Temos excesso dentro da nossa mente. Temos excesso fora dela.
Nos cercamos de coisas demais, e tudo isso cria ruído para o que é fundamental.
Mark Twain, em carta a um amigo em 1871 confessou:
“Não tive tempo de escrever uma carta curta para você, então escrevi uma comprida.”
O excesso.
E por que isso?
Como Mark Twain nos deixa a dica. É mais fácil. Isto é totalmente contraintuitivo, mas é verdade.
No trabalho. Ao invés de fazermos um trabalho realmente focado e resolver, entramos no “pingue pongue” dos emails, mensagens, memorandos, apresentações, relatórios. Se gasta horas e mais horas, recursos, muitas pessoas envolvidas. Quando bastava trabalho focado. Mas o trabalho distraído, ainda que consuma muitas horas, desgasta menos, exige menos intelectualmente.
E no resto das nossas vidas?
O ruído vence, o foco perde. Nosso cérebro consome muita energia, e busca de todas as formas preservá-la, daí uma tendência natural a procrastinar, a fugir de grandes decisões, a se manter distraídos reduzindo o esforço (intelectual, ainda que muitas vezes isto gere mais trabalho físico, ocupe ainda mais horas).
Podemos refletir.
Compramos coisas demais, porque não paramos para definir o que é realmente essencial para nós. Mais fácil seguir o que todos fazem, comprar o catálogo inteiro de produtos. Lançou versão nova? Para e analiso se realmente preciso? Demanda foco, melhor não. Está todo mundo comprando, então vamos lá.
E tudo que carregamos emocionalmente? Ansiedade, culpa, preocupação. Grande parte de tudo que ocupa nossa mente, que nos preocupa, nos causa estresse, não precisaria estar lá, mantemos, novamente, por cedermos ao ruído.
Nos sentimos culpados por não iniciar aquele novo projeto. Basta iniciar. Mas daí depende de foco, gastará energia intelectual. Então não iniciamos. Daí ficamos carregando a culpa. poderíamos nos livrar dela agindo, ou então não agindo, mas descartando o projeto definitivamente. Não fazemos nenhum dos dois.
E isto serve para outras emoções. Alguma situação marcante que aconteceu em nossa vida, que nos trouxe decepção. Ficamos carregando isto, para não termos o gasto energético intelectual e emocional de encarar a situação, aceitar, e deixar para trás.
E como encaramos isso? Mantemos toda uma “tralha” desnecessária de emoções, assim como aquele amontoado de coisas que compramos e enfiamos em todas as gavetas e armários possíveis de nossas casas.
Mantemos o excesso, pela dificuldade de simplesmente “escrever uma carta curta”.
Escrever a carta curta demanda foco e atenção.
E o que fazemos então?
Somente fugimos em meio ao ruído e distração.
Ocupamos nossas horas escondendo as decisões que não queremos tomar, as emoções que não queremos enfrentar. Como fazemos isso? Com excesso. De compras, mais emoções negativas, mais palavras, mais emails, mais trabalho desnecessário, mais diversão fácil como tv e redes sociais.
Tive dois aprendizados recentes que nos servem aqui.
Primeiro, tudo que não for um sim óbvio, é um não óbvio.
Segundo, tudo que você sinta que deveria ser dito, você deve efetivamente dizer.
Conjugando os dois aprendizados.
Livre-se de todo excesso, evite a carta longa quando pode escrever a carta curta, ainda que esta tome mais de sua energia, demande mais foco. Como fazer isso? Priorize, foque somente no que é absolutamente principal na sua vida, e para isso, se conheça muito bem. Após priorizar, tudo o que deve ser enfrentado, dito, executado, simplesmente faça, tire do papel e conclua, e faça isso de forma direta.
Os excessos geram o peso da nossa vida.
Não adianta se distrair no domingo maratonando séries na tv, e na segunda ignorar o foco e voltar a carregar todas pedras que vê pelo caminho.
Voltemos a Mark Twain.
Escreva a carta curta.