Para quem já me conhece bem, me acompanha há mais tempo, sabe que acredito muito no conceito da Sincronicidade, de Carl Jung.
Portanto, estou sempre muito atento aos sinais, e quando percebo que o Universo está me mandando uma mensagem, eu trato de fazer alguma coisa a partir desta mensagem.
Algumas vezes é algo que tenho de mudar na minha forma de pensar, em algum comportamento, ou alguma coisa que tenho de fazer, o que entendo era o caso de hoje.
Muitas das minhas newsletters diárias surgem de conexões que aparecem ao longo do dia, é a sincronicidade conversando comigo, eu só cumpro a minha etapa na “esteira do Universo”, passo a mensagem adiante.
Hoje os sinais me trouxeram uma reflexão sobre valores.
O que devemos conversar sobre valores, o que devemos fazer?
Primeiro de tudo, invista em autoconhecimento, você deve saber quem você realmente é, quais são seus valores. O que você gosta de fazer? O que é mais importante na vida para você? Que tipo de música gosta? Você gosta de ler? Você prefere praia ou serra, ou outro lugar?
Mas a pergunta é para você. Não se trata do que sua religião indica, seus pais falaram, as preferências da sua esposa (ou marido). Estou perguntando para você.
Não estou ignorando que você sofra influências do ambiente, mas exatamente este um dos perigos. Você deve ter a capacidade de separar aquilo que é realmente você, daquilo que você segue para pertencer a um grupo, para se conformar a outras pessoas, ou para agradar alguém.
O autoconhecimento neste ponto é fundamental, e por isso ressalto que a pergunta é sobre você, porque senão as chances de você sentir um vazio na vida em algum momento aumentam, quando você percebe que somente faz o que os outros querem, e você não se prioriza.
Aqui se trata de priorizar você.
Pense que até no avião, quando passam as instruções do que fazer no caso de uma emergência, falam para você primeiro colocar a máscara em você, e depois tentar salvar os outros. Porque se você não se salvar primeiro, não salva ninguém.
Da mesma forma, se você não se conhecer, e não agradar a si mesmo, a longo prazo também não fará os outros felizes, ou se o fizer, será a um custo pessoal emocional muito grande, que te levará ao esgotamento.
Retomando. Defina quais são os seus valores.
Não precisa pensar em nada muito complexo. Quando falamos de valores, pode ficar aquela dúvida, se estamos falando de grandes ideias subjetivos e distantes.
Vamos facilitar. Pense em valores como aquilo que você quer. porque se você quer, realmente do fundo do seu coração (não for a cópia do que outra pessoa disse para você querer), pode ter certeza que isto representará um valor seu.
Exemplo, você quer muito poder trabalhar de casa, e até poder trabalhar de qualquer cidade, você tem um valor liberdade. Você quer muito passar em um concurso público, pois não quer viver qualquer incerteza em termos financeiros, você tem um valor de segurança. E por aí vai.
Quando você encontrar algo que você realmente quer, do fundo do seu coração, por trás estará um valor seu.
Valor pode ser algo distante, mas o que queremos, basta investigar no fundo do seu coração e você conseguirá expressar isso mais facilmente.
Esta semana me lembrei do quanto hoje tenho muito claro meus valores, e os defendo contra tudo e contra todos, quando estava almoçando no clube, tranquilamente, após uma manhã quase inteira lá, onde eu já tinha nadado mais cedo, e depois feito musculação. Tenho um valor liberdade, e todo um estilo de vida a partir disso, que requer que as manhãs sejam minhas, e eu possa fazer minhas atividades de treinamento com tranquilidade, sem sentimento de culpa, e sem preocupação com julgamentos alheios.
Nem sempre foi assim. Nas décadas como advogado sacrifiquei totalmente meu valor liberdade, para perseguir objetivos que nem eram prioridade para mim: ganhar muito dinheiro, para poder manter um estilo de vida mais luxuoso, carro importado, apartamento de capa de revista de arquitetura.
Lembro claramente de uma passagem, em um verão em Santa Catarina, em Balneário Camboriú, passando férias em um belíssimo apartamento daqueles prédios beira-mar, andar alto, condizente com um estilo de vida mais luxuoso e requintado. Uma sacada maravilhosa, com aquela super vista. mas e eu? Eu estava ali sentado na sacada, olhando para a galera surfando, e querendo estar lá no mar, pegando onda, me divertindo no mar.
Percebe? Eu não queria o luxo, eu queria estar na praia, no mar, pegando onda, e isto poderia ser feito com um custo bem menor.
Vou dar mais uma dica sobre encontrar seus valores. Eu disse que se tratava de achar o que você realmente quer, do fundo do coração. Agora vou te dizer o que teu valor não é. Suas necessidades.
Necessidades não são valores. Temos algumas básicas, de sobrevivência. E fora estas, temos outras necessidades que se conectam com as nossas “tribos” e nosso status social.
As “tribos” são os grupos aos quais nos conectamos, família, religião, trabalho, esporte, os grupos dos quais participamos, e que tem uma ideologia, e eles costumam apontar quais são as necessidades que você deve perseguir, te indicando coisas que você “deve ter”. Provavelmente sua família diz que você deve ter uma casa, deve ter filhos, e por aí vai.
Mas não é somente a “tribo”. O seu status social também indica necessidades, coisas que você deve ter. Conforme exposto por Morgan Housel, em episódio de seu podcast, seriam “custos sociais ocultos”. São todas as coisas que o seu padrão de vida demanda, que apontam o que uma pessoa na sua “posição social” deve ter. Normalmente, quando passamos a ganhar mais dinheiro, parece que “passamos de nível”, e somos recebidos por um novo grupo, que tem o mesmo patamar financeiro, e costuma já ter bem definidas as regras do que se deve ter para fazer jus a manter aquele status social.
Como já dei de exemplo meu próprio caso, durante minha carreira como advogado. Nos anos que era dono do meu próprio escritório, fazia parte de uma “categoria social”, definida pela minha posição social, profissional e financeira. E lá estavam as exigências, que eu tratei de cumprir: apartamento decorado, carro importado, vinhos caros, jantares em restaurantes caros, roupas de grife, e a lista é interminável, posso garantir.
Não eram meu valores. Eu não queria necessariamente as coisas que eu perseguia. Eu somente estava riscando itens de uma lista que minha condição social e financeira impunha. Eu “tinha de” atender a um padrão, “tinha de” me enquadrar em um estilo de vida.
Isto me remete a uma frase de Imperador Júlio César, dita diante de um determinado evento.
O evento é conhecido como o escândalo de Bona Dea, onde Publius Clodius Pulcher, disfarçado, teria invadido um ritual feminino sagrado, realizado na casa de César, com o objetivo de se encontrar com Pompeia (esposa de César). Mesmo sem provas diretas de que ela tivesse feito algo errado, César se divorciou de Pompeia logo após o incidente.
Quando questionado sobre a razão, César teria dito: “A esposa de César não deve apenas ser honrada; ela deve parecer honrada.”
Essa frase está relacionada à necessidade de manter uma aparência pública impecável, especialmente para figuras de poder. Ela reflete a percepção de Júlio César sobre a importância da reputação pública e como qualquer sombra de dúvida poderia manchar a imagem de alguém de sua posição, ainda que pessoalmente ele acreditasse na inocência de sua esposa.
Agimos como Júlio César em nossas vidas, somos implacáveis com o nosso “querer”, para atender nossas “necessidades” representadas por um custo social oculto, cedemos ao “vale tudo” para mantermos a aparência de nossa posição social.
Não nos basta atingirmos determinado patamar social e financeiro, nos sentimos obrigados a “parecer ser”.
Quem me provocou esta reflexão hoje foi o Russel Brunson (sincronicidade trabalhando), através de um post nas redes sociais em que ele dizia:
“If winning means compromising your values, you’ve already lost…If you wnat to succeed in the long term and have peace of mind, then set your boundaries and establish your values and do not budge an inch from them.” Tradução livre: “Se vencer significa comprometer seus valores, você já perdeu…Se você quer ter sucesso a longo prazo e ter paz de espírito, então defina seus limites e estabeleça seus valores, e não ceda um centímetro deles.”
Descubra seus valores. Defina seus limites. Não negocie.
Se vencer, subir na vida, conquistar algo, sacrificar seus valores, acredite, não valerá a pena, você já perdeu.
Necessidade social é “parecer ser”.
Querer é ser, aqui estão seus reais valores.
Vença em seus próprios termos.