Zig Ziglar e O Dilema das Redes: silencie o ruído, não seja um produto, seja o autor da sua própria vida.

O problema do ruído não é o que escutamos, mas aquilo que não escutamos.

E um problema ainda maior do ruído, é quando achamos que ele é música.

Duas frases com as quais me deparei no livro que estou lendo, me trouxeram a esta reflexão.

Vou simplesmente trazer as frases, depois seguimos “costurando” as ideias.

Primeira frase: “Your input determines your outlook. Your outlook determines your output, and your output determines your future.” (Zig Ziglar). Tradução livre: “O que você absorve determina sua perspectiva. Sua perspectiva determina suas ações, e suas ações determinam seu futuro.”

Segunda frase: “If you’re not paying for the product, then you are the product.” (frase que aparece no documentário O Dilema das Redes, do Netflix). Tradução livre: “Se você não está pagando pelo produto, então você é o produto.”

Leia de novo as duas frases, com calma, então podemos seguir em frente.

Veja o que diz Zig Ziglar, pensando de forma reversa na frase dele. Nosso futuro depende de nossas ações. Eu enriqueceria a frase, nossos sonhos, nossas metas, nossos resultados, dependem de nós mesmos, daquilo que fazemos para concretizar o que queremos. Agora, vamos além, segundo Ziglar, nossas ações são determinadas por nossa perspectiva. E a nossa perspectiva é a forma como vemos o mundo, que estará de acordo com o nível de consciência e sabedoria que temos, considerados aspectos diversos relacionados com nosso corpo, mente e espírito. A nossa perspectiva depende de nosso nível de consciência, de autoconhecimento, mas também é impactada por nossas crenças, nossos medos, inseguranças. E por fim, Ziglar coloca que nossa perspectiva é determinada por aquilo que absorvemos. Ou seja, nossa perspectiva é formada a partir de tudo que estudamos, lemos, conversas que temos, ambientes que frequentamos, toda fonte vai dar forma á nossa perspectiva, seja a ampliando, ou mesmo reduzindo (medos, crenças limitantes, ideologias).

Veja como tudo começa pelo que absorvemos. O conhecimento que estamos agregando (ou não) é que vai determinar se nossa visão de mundo será ampla, ou estreita.

Vou dividir algo meu, sobre este ponto.

Já há algum tempo, me deparava com algo que queria ler, ou recebia a indicação de algum podcast, palestra, vídeo do YouTube, mas não consumia nenhum destes conteúdos, perdia uma grande porção de ótimo conhecimento.

E por que eu não consumia? Os que não consumia era por serem em inglês, livros não traduzidos para o português, e vídeos sem legendas.

Mas você pode estar se perguntando se eu não detinha nenhum conhecimento de inglês.

Pelo contrário, tenho um bom conhecimento de inglês, leio desde a adolescência (livros de RPG, role playing game, se não conhece, pesquisa aí no Google, eu adorava), durante bastante tempo fiz curso com professor particular já adulto, na minha época de advocacia atendi clientes estrangeiros tendo de falar com eles em inglês (americanos, franceses, chineses).

Mas apesar de tudo isso, nunca me senti plenamente seguro. Sempre me defendi bem, mas sem ter uma super fluência.

Mas também nunca passei muito aperto.

Mas mesmo assim, não me sentia seguro para ler livros inteiros em inglês, e pior ainda, ouvir palestras e podcasts em inglês.

Isso certamente tinha algum aspecto emocional envolvido, e quando se fala de emoção, não se fala de razão. Obviamente que minha postura não era racional, era somente uma insegurança emocional, que me paralisava.

E aqui entra a questão do ruído, que eu trouxe lá no início.

O mundo onde vivemos hoje é repleto de ruído. Temos um excesso de informação despejado sobre nós, dizendo o que devemos fazer, o que comer, como trabalhar, que bens devemos comprar, o que precisamos para ser ricos, o que devemos fazer para ficar bonitos, o que precisamos atingir para ter sucesso.

O ruído está no ambiente, à nossa volta, nos leva à comparações, então começamos a olhar para os outros, temos de ser como os outros, mas isto mais nos oprime do que nos estimula, e ficamos com aquela impressão que não vamos dar conta de tudo.

Sabemos o que é o ruído. E o que não escutamos com o ruído? Não escutamos a nós mesmos. E quando digo nós mesmo, não digo o nosso ego, nosso eu que quer se provar para todos, e que portanto está copiando e competindo com todos à sua volta. Estou falando em nosso eu autêntico, quem realmente somos após retirar todas as camadas que colocaram sobre nós, todas as regras que nos fizeram acreditar que deveríamos seguir.

E como eu disse antes também. O problema maior é quando não nos escutamos, porque somente ouvimos o ruído, e quando passamos a considerar este como música, passamos a apreciar, e acreditar que o melhor na vida é dançar ao ritmo do ruído.

Neste ponto nos tornamos bailarinos de uma peça que não criamos, que provavelmente nem gostamos, mas que acreditamos ser o melhor possível nesta vida.

E o meu inglês? Provavelmente estava coberto por ruído.

Eu tinha ótima proficiência no inglês. Mas via pessoas na minha volta falando com melhor fluência, acompanhando programas em inglês (ou ao menos dizendo que acompanhavam), e portanto, o ruído me soterrava. Meu eu lá dentro dizia “Vamos! Vai ser bom, e sou bom nisso”, mas eu somente ouvia o ruído dizendo “Você não é bom o suficiente”.

Agora vamos conectar com a frase do documentário “O Dilema das redes”: “Se você não está pagando pelo produto, então você é o produto.” No documentário, eles estão expondo como funcionam as redes sociais, pois ela é gratuita, exatamente porque somos somente os usuários, mas também somos o produto, quem realmente está pagando pelas redes sociais quer nossa atenção, quer dirigir o que pensamos, definir aquilo que gostamos, quer conduzir nossos comportamentos.

As redes sociais são o ruído amplificado através de um super altofalante.

Mas vamos além das redes sociais, uso como exemplo para conectar a frase.

Vamos metaforicamente considerar que pagar pelo produto é assumir uma postura proativa, significa abafar o ruído e ouvir a nós mesmos, para construir nosso eu de verdade, e ser exatamente quem queremos ser, independente daquilo que tentam nos empurrar “goela abaixo”.

Se não fizermos isso, se não pagarmos pelo produto, silenciando o ruído, e nos entregarmos a ele, dançarmos no ritmo como se ele fosse uma música, então nós passamos a ser o produto, que será moldado em uma grande linha industrial, a partir não mais do que queremos, mas do que os outros acham que nós devemos querer.

Eu deixei de me comparar, abafei o ruído, e simplesmente decidi consumir conteúdos em inglês.

E sabem o que aconteceu?

Primeiro, surpresa positiva, realmente o meu inglês estava preparado para acompanhar os programas em inglês, e livros, inclusive agora estou dando preferência aos originais, porque as traduções sempre perdem algo no caminho, pois há um pouco de interpretação do tradutor.

Mas o mais importante é o acesso gigante de fontes que se abriu para mim, um mundo inteiro que só existe em inglês, e que não fazia parte da minha realidade, agora entrou para o meu mundo.

O meu mundo se expandiu enormemente, portanto, eu absorvo muito mais, o que amplia minha perspectiva, minha visão de mundo.

Lembra ainda da frase de Zig Ziglar? “O que você absorve determina sua perspectiva. Sua perspectiva determina suas ações, e suas ações determinam seu futuro.”

Se absorvermos o ruído, seremos somente um produto, portanto nossa perspectiva, ações e futuro, não são mais nossos.

Afastei o ruído dos estudos em inglês, passei a absorver um conteúdo novo e riquíssimo, isto tem ampliado minha perspectiva de mundo, o que me permite ter novas ações, e com isso, meu futuro também se amplia e ganha qualidade.

Quando ampliamos nosso horizonte, nos permitimos ousar mais, reduzimos nosso medo, enfraquecemos crenças que nos limitam, nos sentimos mais empoderados e corajosos, pois antes víamos obstáculos sem solução, mas descobrimos novas formas de lidar com os problemas, encontramos novos caminhos, e os velhos obstáculos já não nos detém

É como em um jogo de videogame. Quando atingimos um determinado nível, ganhamos novos poderes e habilidades, que nos permite derrotar inimigos e monstros que antes não era possível.

A partir desta minha ampliação de consciência e perspectiva, me sentindo mais confiante, logo fui em busca de mais alguma coisa que estivesse “travada” pelo ruído, e hoje percebi mais uma, mas agora não se tratava de uma fonte, mas sim de uma ação.

Como diz Ziglar, o que absorvemos (fonte) determina nossa perspectiva, que determina nossas ações, que determinam nosso futuro.

Ampliei fontes (conteúdos em inglês), minha perspectiva se ampliou, e com o maior nível de confiança, percebi que tinha uma nova ação possível, a moldar meu futuro.

Várias vezes escrevi em posts e textos que quando criança sonhei em ser escritor, e como este sonho não foi incentivado (na verdade antes disso nem mesmo levado a sério, talvez o ruído não permitiu que nem mesmo eu levasse a sério), mas ainda assim, não tinha nenhum ato mais concreto.

Será que não? Quando me deparei, o que mais tenho feito, especialmente nos últimos meses, é escrever, leio muito, e produzo igualmente, diversos textos em formato de postagens nas redes sociais, newsletter diárias, artigos, entre outros.

Mas o que faltava? Faltava eu reconhecer isso, transformar em ação, levar ao mundo, para assim moldar meu futuro.

Hoje, pela primeira vez, quando estava me inscrevendo em um novo serviço de distribuição de textos, o “Substack”, na Bio, que demandava uma descrição pessoal, coloquei além de Coach, Mentor e Triatleta, o meu título e autodefinição como ESCRITOR.

Exatamente como me considero, ainda que modernamente possa haver uma tendência para se chamar de criador de conteúdo, mas me autodenomino sim de ESCRITOR, com muito orgulho e felicidade.

Trago esta ação ao mundo, me intitulo ESCRITOR, e sei que assim estou mais uma vez moldando meu futuro, e agora atento ao meu próprio eu, não escutando o ruído, não como um mero produto.

Mas se não sou um produto o que sou? Sou um criador, crio minha própria vida, a partir da minha perspectiva de mundo e ações.

Como diz George Bernard Shaw: “Life is not about finding yourself. Life is about creating yourself.” Tradução livre: “A vida não é sobre se encontrar. A vida é sobre se criar.”

A frase de Shaw serve como um alerta. Não “se encontre”, não ouça o ruído, não dance esta música, não seja um produto. “Crie” sua vida, abafe o ruído e seja o criador de seu próprio produto, seu próprio futuro.

E como fazer isso? Essa é fácil, e Walt Disney pode nos ajudar: “The way to get started is to quit talking and start doing”. Tradução livre: “A maneira de começar é parar de falar e começar a fazer.”

Você não é um produto.

Você é o autor da sua vida.

Comece agora!

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