Olho para o meu relógio, quando estou escrevendo estas primeiras palavras é exatamente 20:51.
Hoje terminei minha mudança de apartamento. Passei de sexta até agora extremamente envolvido na mudança.
Exausto.
Me joguei no sofá, e a desculpa para não escrever esta newsletter estava pronta, era óbvia, e justificável.
Mas eu não deixei de escrever na sexta nem no sábado, mesmo tendo de cumprir o compromisso somente tarde e já cansado.
Por que eu falharia hoje?
Eu vou te dizer porque eu não falharia, porque eu não falhei, e portanto você está lendo esta minha newsletter.
Tem um pouco a ver com a carta de ontem, se trata de mostrar para meu cérebro que cumpro com o que prometo, de forma a manter meu sistema motivacional bem calibrado.
Se minha mente sabe que meu corpo cumpre, continua o motivando a agir, mantém o suprimento de combustível para chegar aos meus resultados.
Autorresponsabilidade, este o nome. Eu sei o que tenho de fazer, sei que só depende de mim. Portanto, cumpro com meu compromisso e dou mais um passo adiante rumo a minha meta, ou fico parado, sabendo que não fiz o que somente eu poderia fazer.
Costumo perguntar aos meus mentorados, quando estamos construindo as metas e o caminho de cada um: “Qual o seu percentual de responsabilidade com o resultado?”.
A resposta padrão é 100%. Mas alguns respondem algum percentual menor. Sabem por que?
Falta de clareza quanto à autorresponsabilidade, nestes casos o mentorado acredita que o resultado depende de algum fator externo, de alguma outra pessoa.
Acredita que ser promovido depende de seu chefe também querer, por exemplo.
Isto é um equívoco, pois quando você acredita que não depende somente de você, você mesmo se sabota, “tira o pé”, já não dá o seu máximo.
E quando não dá o seu máximo sabe o que acontece?
Isso mesmo, você não chega ao resultado, daí você se engana dizendo que tinha razão, que realmente não dependia só de você.
ERRADO DE NOVO! (precisei recorrer às letras maiúsculas).
Você não chegou onde queria somente por sua causa mesmo, porque não deu seu máximo.
Vou fazer um paralelo com os conceitos de homeostase e alostase. Você não deve se lembrar das aulas de ciência, não se preocupe, só me acompanha, se eu cansado (agora meu relógio já marca 21:09) vou conseguir desenvolver o raciocínio, para você ler vai ser barbada.
A homeostase pode ser comparada à sua zona de conforto. É o estado em que o corpo e a mente buscam equilíbrio, mantendo tudo em ordem e dentro de parâmetros conhecidos.
Portanto, estar na zona de conforto equivale a estar em um estado de homeostase. Tudo está sob controle, previsível e confortável.
Não há desafios significativos. Há sensação de segurança, mas não há crescimento pessoal.
Já a alostase ocorre quando o organismo se adapta a situações novas ou estressantes. É o processo pelo qual o corpo e a mente se ajustam para lidar com desafios e mudanças, saindo do estado de equilíbrio da homeostase.
Portanto, a alostase é o momento em que você se desafia, enfrenta o desconhecido e sai da sua zona de conforto. É aqui que você cresce, se desenvolve, pois você está forçando seu sistema a se adaptar, a aprender e a evoluir.
Vou usar o triatlo como exemplo. Treino todos os dias. E cada treino gera adaptações no meu corpo. Mas existe treinos em que o foco é a intensidade, que são os que realmente me tiram da zona de conforto, aqueles dias que vem a sensação de “coração na boca”, aquela sensaçào de “não consigo entregar mais nada”, aqui estou em alostase, meu corpo está em desequilíbrio, mas este estresse gera as adaptações que vão desenvolver meu sistema cardiovascular, que vão geras as devidas adaptações neurais, musculares.
Porém, não é possível se manter o tempo todo em alostase, fora da zona de conforto, pois isto nos conduziria ao esgotamento.
A permanência prolongada em alostase pode resultar em estresse crônico, desgaste físico e mental, e até mesmo problemas de saúde. Por isso, é crucial encontrar um equilíbrio entre os momentos de desafio (alostase) e os momentos de recuperação (homeostase).
Exatamente por isso que não posso fazer aqueles treinos de alta intensidade o tempo todo, pois estaria em alostase muito tempo, e acabaria tendo lesões e possivelmente outros problemas de saúde.
Já deve ter ficado claro para você.
A homeostase é necessária para nossa estabilidade e bem-estar, mas é na alostase que experimentamos crescimento e desenvolvimento. A chave está em alternar entre esses estados, permitindo-se crescer sem se esgotar.
Precisamos furar a bolha, sair da zona de conforto, frequentar um ambiente de estresse, esforço, alta intensidade, onde conseguimos nos desenvolver, aumentar habilidades, onde nos tornamos melhores.
Sabe aquele 1% todo dia que todos falam? Pois então, alostase, ou não existe esta melhora.
Mas não podemos ficar neste pico o tempo todo, pois nossa saúde não pode suportar, daí saímos, mas sempre que necessário voltamos para zona de conforto, para descanso, recuperação e…nova visita fora da zona de conforto!
Voltando ao nosso assunto central.
Quando você não atinge seus resultados, é somente porque você está o tempo todo em homeostase, na sua zona de conforto.
Quando você se dedica de verdade, se convence da autorresponsabilidade, percebe que somente você pode fazer o que tem de ser feito, e mais que isso, que não depende de nada nem de ninguém, daí você se dedica de verdade, entrega 100%, é quando você entra em períodos de alostase, vai além da zona de conforto.
Saindo da zona de conforto você se torna melhor.
E sendo melhor, adivinha só?
Você atinge suas metas, tem os resultados que deseja.
Já marca 21:25 no meu relógio, preciso mesmo concluir porque estou aqui, cumprindo meu compromisso de entregar todos os dias conteúdo para você?
Não preciso correto?
Você já sabe.
Alostase.
Furei minha zona de conforto, e seguirei colhendo meus resultados extraordinários.
E você?
Comece a semana com esta reflexão, buscando a alostase e acreditando em resultados incríveis que só dependem de você mesmo.