Human Design e Dungeons & Dragons: quando um jogo fantástico nos ensina sobre alinhamento e propósito.

Quando o presente e o passado se conectam, me mostrando que o autoconhecimento nos é apresentado em todas as fases da vida, basta entendermos as mensagens.

Eu estou aprofundando meus estudos em Human Design, e em determinado momento, vem um insight que conecta presente e passado, e percebo como os conceitos que estou estudando e vivendo já me foram apresentados, de outra forma. Será que, ao longo da vida, todos temos esses momentos, em que as mensagens de quem realmente somos aparecem nas situações mais inesperadas?

Antes de prosseguir, somente vou dar um breve contexto do que é o Human Design, até para que você consiga acompanhar o desenvolvimento da minha ideia.

O Human Design é um sistema que combina elementos da Astrologia, do I Ching, da Kabala, do sistema dos Chakras e da física quântica para criar um “mapa” ou “gráfico corporal” que indica como as pessoas estão energeticamente configuradas, indicando que cada pessoa nasce com uma “impressão” única, que influencia a forma como ela toma decisões, interage com os outros e encontra seu propósito. Em essência, o Human Design busca orientar cada um a viver de acordo com sua “natureza verdadeira” ou design energético.

O conceito central do Human Design é o alinhamento, que aqui funciona quase como uma bússola para nos guiar. Ao alinhar-se com o que é natural para seu design, você experimenta menos resistência e mais flow na vida, escapando do “condicionamento” – as influências externas que nos afastam de nosso eu autêntico. Em resumo, o Human Design destina-se a quem busca um sentido mais alinhado e significativo na vida, ajudando a tomar decisões em sintonia com sua própria energia e a evitar o desgaste de escolhas que não ressoam com seu verdadeiro “eu”.

Com isso em mente, volto ao insight que tive enquanto estudava o conceito de alinhamento no Human Design. Estava aprofundando a questão do alinhamento com nossa impressão energética e o quanto estar desalinhado nos leva à frustração, raiva e sentimentos negativos. E foi então que me lembrei de um jogo da minha infância: o Dungeons & Dragons.

O D&D é um RPG, ou role-playing game, um jogo onde os jogadores interpretam personagens em histórias e aventuras criadas pelo Dungeon Master. No caso do D&D, o cenário é um mundo de fantasia medieval, uma espécie de Senhor dos Anéis, onde humanos, elfos e anões combatem monstros e exploram cavernas. E havia um detalhe interessante no D&D que agora me chamou atenção: o sistema de “alignment” (ou “alinhamento”).

Antes do início do jogo, cada jogador criava seu personagem, definindo atributos como força, energia e habilidades. Mas o alignment era uma característica central, funcionando como uma diretriz ética e moral. O sistema de alignment combinava duas escalas principais – Law vs. Chaos e Good vs. Evil – e cada uma delas influenciava profundamente as decisões e o comportamento dos personagens. Em outras palavras, essa era a “impressão” única de cada personagem, sua bússola para a aventura.

Em D&D, o alinhamento definia como o personagem via o mundo e reagia a ele. Na escala Law vs. Chaos, o Lawful (Leal) valorizava a ordem, a estrutura e as leis, enquanto o Chaotic (Caótico) preferia a liberdade e a autonomia. O Neutral (Neutro) equilibrava ambos, adaptando-se às situações. Já na escala Good vs. Evil, o Good (Bom) era guiado pela empatia e pelo altruísmo, enquanto o Evil (Maligno) colocava seus próprios interesses acima dos outros. O Neutral nessa escala agia sem inclinação clara para o bem ou o mal.

Essas duas escalas se cruzavam para criar nove tipos de alinhamento únicos. O Lawful Good, por exemplo, é o idealista que segue leis para proteger e servir ao bem maior, enquanto o Chaotic Good valoriza a liberdade e age para ajudar os outros. Por outro lado, o Lawful Evil segue regras para obter poder, mesmo às custas dos outros, enquanto o Chaotic Evil é guiado por seus próprios desejos sem respeito por leis ou vidas. Esse sistema não só definia as escolhas dos personagens, mas também oferecia uma reflexão sobre ética e autoconhecimento.

Para mim era só um jogo. Fantasia, diversão e regras sem conexão com a vida real. Mas será que era só isso?

Olhando para o sistema de alinhamento em D&D, percebi o quanto ele já trazia uma lição sobre autoconhecimento – algo que, na infância e adolescência, obviamente eu não captava com profundidade. No jogo, o alignment era mais do que uma simples escolha; ele funcionava como uma verdadeira bússola moral, algo que orientava cada decisão do personagem. D&D estava, de certa forma, sugerindo que saber quem somos e agir de acordo com essa essência era uma forma de nos fortalecer.

Como Dungeon Master, lembro-me de que os personagens que seguiam seu alinhamento eram recompensados, às vezes com pontos de experiência extras, itens raros ou oportunidades únicas na história. Um guerreiro Lawful Good, por exemplo, que arriscava a própria segurança para proteger inocentes, podia ganhar a confiança de aliados valiosos. Mas se agisse em contradição ao seu alinhamento, o jogo respondia de outra forma. Para um paladino, Lawful Good, cometer um ato cruel era perder o acesso a seus poderes sagrados. Essa dinâmica de recompensa e punição em D&D era uma metáfora clara do que o Human Design propõe em nossa própria vida.

No Human Design, temos um alinhamento único – nosso design individual, que revela como realmente funcionamos de maneira autêntica. Assim como no D&D, onde o alignment orienta as escolhas, o HD sugere que, ao viver de acordo com nosso design, encontramos uma fluidez real. Em vez de pontos de experiência, recebemos os benefícios de uma vida com propósito e sentido, onde as experiências positivas parecem se alinhar naturalmente.

E o oposto também é verdadeiro. No HD, quando ignoramos nosso design e vivemos o que é chamado de not-self, sentimos o equivalente às “punições” do jogo. Não são poderes que perdemos, mas a sensação de conexão, as relações fluem com dificuldade, e o estresse surge como um sinal de desalinhamento. Assim como no RPG, o Human Design mostra que ignorar quem realmente somos nos coloca em um caminho de atrito e resistência, nos afastando da verdadeira realização.

Ao longo dessa reflexão, percebi o quanto o HD nos chama para o autoconhecimento e a importância de agirmos em conformidade com nosso design. No fundo, tanto o HD quanto o alignment em D&D nos lembram de que viver fiel a quem realmente somos é a base para uma vida de sentido e realização.

No D&D, o autoconhecimento dos personagens é facilitado pelo processo de criação. Cada jogador define o que seu personagem é desde o início, suas habilidades, objetivos e o alinhamento que guiará suas decisões, como se nascessem com uma clareza de propósito. Mas, na vida real, é diferente: somos lançados ao mundo e moldados por influências externas. Não recebemos um “manual de instruções” ao nascer, e essa busca por alinhamento exige um processo contínuo de autoconhecimento.

É aqui que entra o Human Design, descrito por muitos como um verdadeiro “manual” para cada pessoa. Diferente de um padrão universal, o HD é uma “ciência da diferenciação”, que valoriza as particularidades de cada um e nos ajuda a navegar a vida em alinhamento autêntico, respeitando quem realmente somos.

Como eu disse no início, o Human Design me fez conectar o presente ao passado, e perceber como o autoconhecimento já estava ali, nas minhas experiências de infância. Aplicava as regras de alinhamento do D&D, mas só agora conecto esses pontos. No fundo, talvez o que precisamos esteja sempre ao nosso redor, esperando para ser notado. Até mesmo em um jogo, as lições de vida se fazem presentes. Talvez eu sempre tenha sido o Dungeon Master daquelas partidas porque, de alguma forma, já estava me preparando para trabalhar com autoconhecimento e alinhamento. Será?

Eu fiz as minhas conexões aqui.

Faça as suas, mas, mais que isso, busque seu alinhamento sempre.

Share the Post:

Posts Relacionados

plugins premium WordPress
Rolar para cima