Ignorando as etiquetas negativas: quando a preocupação é estar tranquilo.

Minha maior preocupação atual é estar totalmente tranquilo.

Mas o que isso significa? Por que esta frase contraditória?

Hoje serei breve, mas queria compartilhar esta frase que falei para minha terapeuta em sessão recente.

Identificando problemas a serem trabalhados, falei exatamente esta frase: “Minha maior preocupação atual é estar totalmente tranquilo”.

Como se fosse um filme, corta a cena, volta 6 anos no tempo, estou recebendo a notícia de um cardiologista de que estava à beira de um infarto, fruto de uma vida desequilibrada, sedentária, com péssima alimentação e sono, e de muito estresse no trabalho.

E nos anos seguintes? Muita coisa foi melhorando, comecei a praticar triatlo, ajustei a dieta, passei a ter mais atenção com a saúde, mas o trabalho continuava ainda estressante.

Falo muito sobre minha jornada, e estas questões todas, e muitas vezes pode parecer que ser advogado corporativo, por si só, é a fonte de uma vida estressante. Contribui bastante, mas o principal ponto nem é o que fazemos externamente.

Falei disso hoje com um mentorado meu.

A principal batalha acontece dentro de nós mesmos, nós tornamos a vida leve ou pesada, independente do que se passa no mundo.

Como assim?

O que acontece na nossa volta são fatos, eventos, acontecimentos, eles não são nem bons nem ruins, estes adjetivos são “etiquetas” que nossa “etiquetadora emocional” cola nos fatos.

Exemplo: perdi um cliente no escritório. Minhas emoções logo gritam: “péssima notícia!”, pensando na perda de receita. Mas será mesmo? Muitas vezes ignoramos que este cliente está demandando mais horas do que deveria, que está atrapalhando nosso time com exigências descabidas, enfim, deixamos de trazer à tona todos fatos que poderiam rotular como uma boa notícia.

E por que costumamos nos fixar nas “etiquetas negativas”?

Porque nosso cérebro é especialista em encontrar problemas, e porque temos histórias “rodando em segundo” plano no sistema operacional da nossa mente, escassez, medo de ficar sem dinheiro, temor do julgamento dos outros, ideia de que falhamos, pensamento de que não fomos bons o suficientes.

Nosso cérebro, sem o devido controle, está inundado destas emoções negativas, e sempre que acontece um fato, o cérebro corre em “etiquetar” como má notícia, acha as circunstâncias certas para nos convencer que de há um problema.

E daí o que acontece?

Ficamos estressados, ansiosos, nervosos, preocupados, com medo.

E quando isso acontece, nosso sistema nervoso autônomo ativa o sistema simpático, que dispara o modo luta ou fuga, e entramos no modo preocupado e combativo, ansioso, estressado.

Nosso corpo foi projetado a reagir assim pontualmente, quando houvesse um perigo real, o ataque iminente de uma fera, um animal, que poderia ameaçar nosso ancestral na savana africana.

Mas o cérebro é o mesmo, e tudo que acontece à nossa volta é percebido como uma ameaça, pela nossa tendência a colar “etiquetas” de “má notícia”.

Então acionamos o modo luta ou fuga constantemente, e vivemos preocupados.

Eu vivia assim de forma constante.

Como eu disse, claro que o ambiente corporativo me dava bastante coisas com as quais me preocupar, mas cabia a mim exercer o devido controle emocional, “etiquetar” fatos como “boa notícia”, ou no mínimo como algo neutro, nem bom nem ruim.

Os estoicos já ensinavam isso, dizendo que não são os fatos que nos afetam, mas como reagimos emocionalmente aos fatos. Podemos sempre escolher.

E quando consideramos tudo “má notícia”, vivendo constantemente no modo luta ou fuga, nossa mente se estreita, só vemos o “inimigo” à nossa frente, e nos fechamos a diversas oportunidades que estão passando bem na nossa frente, mas que não conseguimos enxergar.

Novamente, como se fosse um filme, corta para o presente, e eu percebo o quanto consegui deixar esta “armadilha” para trás.

Muita coisa contribuiu para isso, minha jornada de autoconhecimento foi fundamental.

Psicologia, neurociência, ciência comportamental, filosofia, tudo me deu conhecimento, armas e ferramentas, para entender como funciona minha mente, meu cérebro, e conseguir trabalhar com as emoções de forma positiva, me mantendo em um estado de clareza mental, de foco, com o sistema nervoso central funcionando no sistema parassimpático, que nos deixa calmos, permitindo uma visão ampla e total, fazendo com que as oportunidades apareçam de forma vívida.

Mas uma última peça se soma recentemente ao meu quebra-cabeça de autoconhecimento, o Human Design, um sistema que apresenta o desenho energético de cada pessoa, e que deixa claro, o que eu já vinha percebendo de outras áreas, o quanto nossas decisões e nossa vida deve ser guiada a partir de nossa intuição, mais do que por nossa mente racional.

Nossa mente racional é onde habitam nossos sabotadores, todas estas vozes prontas a lançar “etiquetas” de “más notícias”, portanto, ainda que seja uma ferramenta poderosa, não é o melhor guia para tomada de decisões.

Nosso sistema intuitivo, subconsciente, inconsciente, tem mais sabedoria do que nossa inteligência racional que depende das experiências que já vivemos, de nossas memórias, a intuição acessa uma inteligência maior, da Alma Imortal, como diria Platão, do Inconsciente Coletivo, como diria Jung, ou mesmo do Mastermind, como diria Napoleon Hill.

O fato é que diferentes pessoas, como nos exemplos acima, apontam teorias que nos indicam uma inteligência muito além da nossa consciência, que é acessada a partir de camadas mais profundas.

Hoje desliguei a “etiquetadora de más notícias”, não permito que meu cérebro racional dirija minhas ações, portanto, não permito que emoções e histórias negativas que eu tenha vivido tomem conta das decisões que tomo.

E como tomo decisões?

Elas vem de dentro, de uma camada mais interna.

Vamos chamar de intuição.

Quando me livro do império da mente e sua busca por problemas, acabo proferindo a frase: “Minha maior preocupação atual é estar totalmente tranquilo.”

Já deixei claro como cheguei ao estado de tranquilidade, ou ao menos deixei algumas boas dicas pelo caminho.

Mas e a preocupação?

Este é meu cérebro racional me dizendo: “Como assim? Por que você está tranquilo? O que você sabe que eu não sei?”

Seu cérebro racional sempre vai te “chamar para briga”.

Somente ignore e siga…tranquilo.

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