Jogo dos adjetivos: a felicidade está no simples, difícil e leve.

A felicidade depende do domínio dos adjetivos.

Hoje quero compartilhar uma reflexão, uma ideia, que tenho trabalhado com mentorados em diversos processos, a partir de minha observação da repetição de problemas e modelos de comportamento.

Todos querem ser felizes. Você quer ser feliz.

Para isso, tendo em vista como funciona nossa mente e alma, precisamos perseguir um propósito, que preencha e dê sentido à nossa vida, e isto se traduz em uma jornada de busca, a perseguição de algo maior, concretizada na forma de metas e objetivos que conseguimos ver no horizonte.

Mas a felicidade nos escapa por não conseguirmos, muitas vezes, adotar a mentalidade correta, ou pela falta de controle emocional adequado, ou porque não conseguimos concretizar mentalidade e emoções ajustadas em comportamentos.

Só para esclarecer, rapidamente. Nossas intenções vão calibrar nossa mentalidade e crenças, essas vão moldar nossas emoções, e levamos tudo isso para o mundo exterior através de comportamentos, que repetidos se tornam hábitos, e geram resultados, que visam atingir nossas metas e objetivos.

O jogo é claro, estamos “ganhando” se nossos resultados atingem nossas metas.

Dito isso, vamos à ideia dos adjetivos.

Nos deparamos com uma jornada que temos de encarar, não para encontrarmos a felicidade no fim, mas uma jornada que nos torne felizes, aquela que nos traz paz, contentamento e sensação de significado por estar sendo percorrida.

Parece tudo claro?

O que você me diria. É fácil? É simples? Difícil? Complexo?

Eis os adjetivos, e encontraremos mais dois ainda no caminho.

Onde reside a confusão? Não distinguimos claramente estes quatro adjetivos acima.

Sempre digo aos meus mentorados: “Toda jornada é simples, mas é difícil”.

Como assim? Se é simples não equivaleria a dizer que é fácil? De forma alguma.

Simples é o oposto de Complexo. Fácil é o oposto de Difícil.

Fixe o gráfico abaixo, e depois continuamos.

Visualmente fica mais claro né?

Nosso caminho de felicidade passa por jornadas, na qual perseguimos metas e objetivos intermediários, que vão nos desenvolvendo, nos tornando uma versão melhor.

Acreditamos que algo tão importante como buscar nossa melhor versão, ir atrás da felicidade, deva ser algo complexo, aprendemos a apreciar a complexidade.

Mas as soluções do que é realmente importante para nós costuma ser muito simples.

Vamos pensar desde objetivos menores.

Todos sabemos o que deve ser feito para emagrecer. Todos sabemos como devemos nos alimentar e nos exercitar para sermos mais saudáveis. Todos sabemos que devemos estudar mais para ampliarmos conhecimentos, pensando, por exemplo, em desenvolver nossa carreira.

O caminho é simples. Não digo que é fácil. Somente digo que é simples, não há nenhuma fórmula mágica, o conhecimento está disponível para todos.

Portanto, pensando no gráfico acima, deveríamos considerar que nosso caminho de felicidade está mais para os quadrantes 1 e 4. Em princípio.

Mas insistimos em procurar caminhos mais complexos. Saúde? Basta se alimentar bem e se exercitar, ter alguns cuidados adicionais básicos. Mas achamos que precisamos de intervenções, tratamentos, buscamos soluções complexas, acreditamos que é necessário algo mais, buscar tecnologias inovadoras. Nos deslocamos para os quadrantes 3 e 4, não acreditamos na simplicidade.

Vou continuar falando do caminho que entendo normalmente ser o mais eficaz. O simples que dá certo. Mas não devemos confundir com o fácil, pois se for fácil, provavelmente não está nos levando adiante, não estamos nos desenvolvendo.

Normalmente o que temos de mais fácil, em termos de comportamento, é sucumbir a vícios, nos alimentar mal, sermos sedentários, tentar subir na carreira através de algum “atalho”. Esta é a total zona de conforto, não nos leva a ser alguém melhor, e como não nos impõe desafio, certamente não nos trará flow e sensação de vitórias, que nos tragam sensação de significado.

Então vamos descartar o quadrante 1.

Normalmente o crescimento requer obstáculos, desafios, dificuldades, já apareceu aí a palavra. Pois precisamos modelar comportamentos em forma de hábitos que sejam contrários aos vícios e paixões, precisamos focar mais em virtudes, o que é difícil, pois nosso cérebro está voltado para o conforto, e precisamos vencer a primeira barreira dentro de nós mesmos.

Portanto, o caminho normalmente será pelo quadrante 4.

E os demais quadrantes?

O quadrante 2 as pessoas amam. Soluções mágicas, complexas, mas que sejam fáceis. Dietas milagrosas, pílula mágica, máquina que queima gordura enquanto estamos sentados em frente à tv, um curso caro que vai te ensinar segredos desconhecidos.

Queremos que seja fácil, mas não acreditamos no simples, e normalmente pagamos caro acessando o quadrante 2.

E o quadrante 3? Bom, este é o mais difícil de ser encarado, mas dependendo do objetivo, será necessário, pois alguns objetivos que almejemos na vida podem demandar realmente soluções mais complexas. Ainda que eu acredite que elas podem ser sempre simplificadas pelo processo adequado, pois normalmente a complexidade se dá por conter uma jornada com múltiplos e diversos passos.

Como solucionar o quadrante 3? Dividindo ele em diversos objetivos intermediários, ainda que sejam muitos, mas o que vai trazer mais clareza de tudo que tem de ser feito, e também se conferindo um maior senso de prioridade.

Acredito que devidamente organizados em diversos passos, e delimitada a prioridade correta de cada um deles, se entendendo que existem processos que demoram mais, o quadrante 3 pode muito bem ser deslocado para o quadrante 4, se perseguindo diversos objetivos simples (ainda que difíceis, porque sempre requer esforço), que empilhados ao final formam um objetivo complexo.

Agora, eu consideraria mais dois adjetivos, que deixei de desenhar, pois não acredito que eles tenham posição objetiva no gráfico. Leve e pesado.

Nossa jornada pode ser leve ou pesada. Mas não relaciono leve a fácil, ou simples, nem mesmo relaciono pesado a difícil, ou complexo.

Leve ou pesado estão menos vinculados ao mundo exterior, portanto, tem menos relação com os comportamentos, hábitos e resultados, e mais conexão com o nosso mundo interior, nossas emoções.

Veja, o gráfico representa nossa relação com comportamentos e hábitos, que serão fáceis ou difíceis, e simples ou complexos, e que gerarão nossos resultados.

Podemos encarar uma jornada fácil e simples, e ainda assim ser pesada, quando não temos o controle emocional básico. Ao contrário, podemos estar encarando uma jornada complexa e difícil, mas ela ser leve, quando temos nosso emocional devidamente calibrado.

Não quero estender mais o texto neste aspecto, mas só quero deixar este recado, o mais importante de tudo na jornada, para determinar sua felicidade, é que ela seja sempre leve, e como ficou claro pelo gráfico e pelo texto, os elementos externos não tem nenhuma relação com isso, a leveza está dentro de você.

Mire no quadrante 4 de forma leve.

Busque o simples eficaz.

Reconheça que há dificuldade no caminho.

Mas seja sempre leve de espírito.

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