Por que fazemos o que fazemos?
Vamos começar a semana enfrentando alguns mitos?
Assim já começamos com tudo a segunda-feira, desafiando ideias padrão, que nos acompanham exatamente por isso, somente por serem o padrão observado.
Vou iniciar por uma breve história, que ilustra bem o ponto que quero trazer, e logo em seguida vou enfrentar, junto com você, pensamentos padrão que nos colocam em rota de baixa produtividade e frustração.
Vamos à história.
Certa vez, uma jovem estava preparando um assado para o jantar, e como sempre fazia, cortou as pontas da carne antes de colocá-la na panela. Seu marido, curioso, perguntou por que ela sempre cortava as pontas da carne.
A jovem respondeu: “Não sei, minha mãe sempre fez assim, então eu faço igual.”
Ainda intrigado, o marido sugeriu que eles perguntassem à mãe dela. Quando questionada, a mãe respondeu: “Eu sempre cortei as pontas da carne porque a minha mãe fazia assim.”
A curiosidade foi crescendo, e a jovem decidiu ligar para sua avó para finalmente entender a origem dessa prática. Quando perguntada, a avó riu e respondeu: “Ah, eu sempre cortei as pontas da carne porque minha panela era pequena demais para caber o pedaço inteiro!”
Isto resume bem muito do que fazemos em nossas vidas. Copiamos modelos, comportamentos, mas não analisamos os “porquês”. Agindo assim, fazemos muitas coisas sem razão nenhuma.
Ao agirmos assim, ignoramos pelo menos dois aspectos fundamentais (lista dos aspectos ignorados):
- Ponto de partida (de onde iniciamos).
- Ponto de chegada (onde queremos chegar).
Vamos considerar ainda que normalmente vamos buscar nos espelhar em outros, e portanto, temos duas formas de modelar comportamentos (lista da modelagem dos comportamentos):
- Comparação.
- Inspiração.
Como buscar o sucesso?
Vamos começar a misturar estas duas listas, a dos aspectos ignorados, e a da modelagem de comportamentos, e te garanto que encontraremos uma forma de termos sucesso, sendo mais produtivos e com uma sensação de felicidade maior.
Para ilustrar bem, apresento um gráfico que encontrei no livro “Hábitos Atômicos”, do James Clear, e vai nos ajudar.
Sabe aquela frase que diz: “a grama do vizinho é sempre mais verde”?
Pois é, esta frase surge quando usamos o modelo de comparação (lista da modelagem dos comportamentos).
Mas este modelo atrai a lista dos aspectos ignorados, nos fazendo desconsiderar o contexto de quem queremos copiar, não conhecemos ao certo seu ponto de partida, nem mesmo seu ponto de chegada, pois aqui se requer autoconhecimento, e como a palavra já induz, é “auto”, cada um tem o seu próprio perfil, valores, razões, propósitos.
Costumamos ver os resultados de alguém, e queremos ter o mesmo (a grama do vizinho sendo mais verde), mas ignoramos todo o resto.
Vamos a exemplos, e já vamos aos exagerados mesmo, para ficar bem evidente: quero ter a mesma fortuna que o Thiago Nigro tem; quero ser um atleta premiado como a nossa ginasta Rebeca Andrade; quero ser ter a fama do Cristiano Ronaldo.
Mas você pode pensar em exemplos mais simples e próximos: você quer ter o patrimônio que o tem o dono da empresa onde você trabalha; você quer estar em boa forma física como seu colega de trabalho; você quer ter um carro igual àquele que seu vizinho acabou de comprar (tá, você quer um carro melhor para “esfregar na cara dele” acertei? kkk).
O ponto de Partida. Nível de Habilidade Inicial.
💡 Aqui vem a primeira coisa que ignoramos, e que considero muito importante, o ponto de partida de quem estamos nos comparando, seu nível de habilidades inicial que o conduziu por determinado caminho.
Cada um trilha um caminho, e este requer um conjunto de habilidades, e temos de entender que não temos todos as mesmas habilidades, portanto, faz mais sentido tomarmos caminhos diferentes.
E aqui entra os diferentes círculos do desenho acima, pois cada pessoa tem sua própria identidade, e seus processos, que envolvem seu caminho e habilidades que serão utilizadas.
Vamos supor que a meta seja acumular um grande patrimônio, se estou me comparando com o Thiago Nigro, posso supor que desde seu momento inicial ele tinha uma grande habilidade de comunicação, talvez já tenha começado de um 8, em uma escala de 0 a 10, e que esta habilidade foi determinante.
Neste caso, posso olhar para mim e concluir que tenho uma nota 2 em comunicação, e olhando para o Thiago, concluo que tenho de focar toda energia em melhorar esta minha habilidade, para ficar muito rico.
E aqui entra algo que acredito ser muito prejudicial para muitas pessoas, e pode estar atrapalhando muito você mesmo.
Aquele papo de “vamos melhorar as fraquezas”.
Não!!! Por favor, não coloque o foco nisso!
Este é o caminho natural para tornar todos medianos, medíocres.
Nosso sistema de educação presta este desserviço. O foco recai sobre as matérias que o aluno vai mal, daí ele precisa gastar enorme energia e esforço para ficar regular e passar de ano.
E enquanto isso, aquilo no qual o aluno é muito bom, ótimo, fica esquecido, não tem tempo para focar energia lá, o que poderia tornar o aluno alguém efetivamente excepcional, extraordinário em algo.
Se você não está mais no colégio, e não precisa seguir esta regra de estímulo à mediocridade, trate de apagar ela de sua mente.
Esqueça seus pontos fracos, ao menos, não foque sua melhor energia em melhorar isso.
Foque sua energia em continuar melhorando aquilo no que você é bom, aquilo que você curte, que você gosta de fazer. Sabe aquele desafio de algo que sentimos até ser difícil, mas que gostamos de encarar? Esse mesmo, vai em frente com tudo!
Este o primeiro ponto de atenção, esqueça a comparação direta, pode até manter o objetivo final. Você quer ficar muito rico, ok, mas encontre um caminho que seja mais ajustado com seu ponto de partida, busque aquelas habilidades que já são seu destaque, e a partir delas construa o caminho rumo àquilo que quer atingir.
Você pode ser nota 2 em comunicação, mas pode ser nota 8 em organização, nota 9 em disciplina, nota 8 em programação, você já entendeu a ideia. Nestes casos, planeje um caminho que utilize estas habilidades, pois você já tem um ponto de partida muito adiantado.
💡 Se você entender esta dinâmica, vai começar a migrar de modelo conforme a lista da modelagem dos comportamentos, usando menos fontes de comparação, e mais fontes de inspiração.
A comparação tende a te levar a uma “cópia burra”, e mais, acaba te levando a uma frustração por não atingir exatamente a pessoa modelada.
A inspiração tem efeitos diversos, você não tenta copiar de forma direta, você colhe traços que fazem sentido para você, consegue adaptar para quem você é, você busca partes, e nunca se frustra, pois você a vê como um guia, não um ponto de chegada que deve ser replicado.
O ponto de Chegada. Função: Propósito e Prioridade.
Agora vamos focar novamente na lista dos aspectos ignorados, seu segundo elemento, o ponto de chegada, onde queremos chegar, e veremos que a simples **comparação ****gera distorções.
💡 O ponto de chegada,** por mais contraditório que possa parecer, tem menos a ver com o resultado, do que com a identidade e os processos (usando como referência o desenho acima).
Você precisa ter muito clara uma ideia aqui, para que possamos avançar:
- Nós somente controlamos nosso processo (comportamentos);
- Nossos comportamentos vão formar hábitos;
- Nossos hábitos é que definirão nosso resultado;
- Portanto, o resultado não está diretamente sob nosso controle.
Ao você perceber esta ideia, conclui que o resultado não está diretamente ao nosso alcance, sob nosso controle, portanto, podemos trazer para nós como metas a serem atingidas, o norte que queremos seguir.
Exemplo. Quero ir de Porto Alegre para Florianópolis, o resultado de efetivamente chegar lá depende de diversos fatores, pode ter barreiras na estrada que me impeçam de chegar. Então chegar lá é minha meta, e os resultados na vida real vão ser como “medidores”, dizendo se estou perto, “quente ou frio”, o Waze pode ir me mostrando quando falta para chegar, e quando eu cruzar a ponte entre o continente e a ilha, sei que está se traduzindo em resultado efetivo o que era uma meta.
E aqui, uma vez mais você pode ver que o modelo de mera comparação não funciona bem, pois me faz, utilizando o exemplo, querer ir para Florianópolis porque estou vendo que alguém está curtindo a praia, surfando, e eu fico olhando a “grama do vizinho” e querendo estar lá.
Este caminho da comparação faz com que eu pegue o resultado de alguém e também queira chegar lá, neste caso movido por razões como inveja, competitividade, ego, entre outras nesta mesma linha.
Porém, estas razões, estes porquês não serão sustentáveis a médio e longo prazo, pois a dedicação de esforço e tempo, em busca de algo que não esteja muito bem alinhado com quem você é, acabará gerando esgotamento, frustração e falta de motivação.
Ao correr atrás do resultado de outro, você persegue o sonho de outro.
Como mostrei acima, o resultado é somente o resultado de hábitos, que decorrem de comportamentos, que são a sua ação propriamente dita.
Você pode pensar na sua vida, no seu dia a dia, toda ação depende de um devido nível de motivação, para te colocar em movimento.
Por isso mesmo se diz que todo comportamento deve ter uma função, e esta costuma estar estruturada por meio de um benefício que você queira ter, que faça sentido para você.
Usando um exemplo bem simples. Comer é um comportamento que tem uma função clara, quando você está com fome, busca o benefício da saciedade.
💡 Todo comportamento humano é uma função entre um estado atual e um benefício buscado.
E aqui novamente aparece o tema do autoconhecimento, pois você precisará, para organizar esta função, identificar:
- Qual é a sua identidade (quem você é, quais são seus valores, do que você gosta);
- A partir de sua identidade, qual é o seu propósito (sua meta definida);
- Qual o benefício que você busca através deste propósito (que tipo de sensação você quer experimentar);
- Quais os comportamentos e hábitos te levarão de forma mais direta entre o seu estado atual e seu ponto de chegada, estabelecendo senso de prioridade nas ações.
Quando você identificar todos estes elementos, terá a motivação necessária para te colocar em movimento, de forma constante no tempo, o que te fará chegar efetivamente no resultado final buscado.
Seu comportamento passará a ter uma função para você, dando a motivação que você precisa para se manter em movimento, pois agora estará muito claro o porquê das suas ações.
Produtividade, flow e felicidade.
Se você passou por todas as etapas anteriores, conseguirá ter clareza de seu propósito definido e da prioridade na organização dos comportamentos e hábitos que você deverá adotar, para atingir o resultado que será, agora, uma expressão de você mesmo, não uma mera cópia barata do que você viu nos outros.
Quando você faz isso, quase que como em um passe de mágica, atinge níveis de produtividade que antes pareciam impossíveis, ou muito difíceis.
Mais do que isso, você verá que esta produtividade entra em uma espiral crescente, porque quando você está em busca de algo definido, que quer atingir pelas razões certas, utilizando inteligentemente suas habilidades, mas se mantendo desafiado e em crescimento constante, você atingirá o estado denominado de flow (que abordarei em textos futuros), gerando sensação de felicidade e bem estar subjetivo.
Os 10 passos do sucesso!
Você busca o sucesso e a felicidade, com toda certeza, mas se acostumou a fazer isso do jeito errado, perseguindo modelos através de comparação, baseado em sentimentos decorrentes de seu ego.
Eu não posso te dizer que este é o único jeito, mas é a forma que eu fiz (e continuo fazendo) de conquistar sucesso e felicidade. Se para mim está dando certo, para você também dará, pois fiquei até meus 40 anos “batendo cabeça” e vivendo através da comparação.
O modelo que proponho aqui é buscar o sucesso através da inspiração, buscando modelos que nos façam querer ser nossa melhor versão.
💡 E como fazer isto? Aqui vai o resumo de toda a ideia.
- Definir sua identidade, através do autoconhecimento, para responder perguntas básicas (quem você é, quais são seus valores, do que você gosta);
- A partir de sua identidade, definir qual é o seu propósito (sua meta definida);
- Entender qual benefício que você busca através deste propósito (que tipo de sensação você quer experimentar);
- Construir, a partir de sua identidade, propósito e benefício, qual o seu porquê, quais as razões relevantes que te manterão motivado no caminho;
- Encontrar modelos de inspiração, pessoas que vivam o propósito e benefício que você quer, de acordo com sua identidade, para que possa modelar e entender comportamentos que possam ter sido relevantes na jornada destas pessoas (que serão seus mentores, ainda que você não tenha contato direto com eles);
- Desenhar o mapa do caminho a ser percorrido, levando em consideração seu ponto de partida, as habilidades que te farão trilhar o caminho da forma mais eficaz, concentrando-se no que você tem de melhor;
- Alinhar um jornada de evolução pessoal permanente, com foco na melhora de suas forças e habilidades principais, te elevando de um plano mediano para uma execução extraordinária;
- Considerando todos os pontos anteriores, definir quais os comportamentos e hábitos te levarão de forma mais direta entre o seu estado atual e seu ponto de chegada, estabelecendo senso de prioridade nas ações;
- Ajustados todos estes pontos, você entrará na espiral crescente de produtividade, atingindo o flow, o que te fará seguir rumo ao resultado pretendido, com experiência de felicidade na jornada;
- Sucesso!
Espero ter contribuído com você, eu posso te garantir que estes passos foram adotados por mim.
Na verdade, muitos deles foram acontecendo sem eu entender, fui avançando por tentativa e erro, estudando, aprendendo, aplicando.
Hoje consigo ter clareza de alinhar tudo que estudei e vivi (e que continuo vivendo) nesta estrutura, que espero te ajude.
Quero ter sucesso e ser feliz.
Mas acima de tudo, quero atender um chamado, sempre senti uma vocação para estudar, aprender, aplicar e ensinar, e é o que quero fazer aqui.
Quero que você tenha sucesso e seja feliz!