Ninguém deve nada para ninguém: como você pode assumir o comando da sua vida somente com esta ideia.

O tema de hoje seria outro, e me ocorreu quando eu estava no meio da minha corrida.

Foi no meio mesmo, hoje corri 21 quilômetros (treino para a maratona de Porto Alegre), e quando estava pelo quilômetro 10 me veio a ideia.

Sim, minhas ideias não surgem exatamente quando paro na frente do note, como estou agora, às 19:05 do domingo.

As ideias surgem quando estou treinando, lavando louças, assistindo um filme, lendo um livro, pois são os momentos que estou estimulando minha mente. Você pode ser perguntar como aguço a minha mente lavando louças, boa pergunta; é porque lavo louças ouvindo cursos online ou podcasts.

Dificilmente tenho momentos “vazios”. Neste momentos de atividades rotineiras, aproveito para ouvir cursos e podcasts. E isto me ajuda muito.

Penso que este tema vale uma carta posterior, ou seja, como aguçar sua mente para produção de ideias novas, para ativar sua criatividade. Mas este não é o tema de hoje.

Outro dado importante que você pode estar se perguntando. Como eu lembro do tema depois? Não lembro, eu anoto, e aqui já vai uma dica adicional, tenha uma central de anotações, sempre, pode ser digital pelo celular, ou qualquer meio, mas tenha algo a mão para anotar, surgiu uma ideia, anote.

Eu sei que você confia em sua memórias, mas não deveria, nunca. Confie em mim. Mesmo coisas que lembra, depois elas já voltam meio diferentes da versão original. Ou pior, você nem lembra mesmo.

Voltando ao início, o tema me surgiu enquanto corria, anotei, e escreveria sobre isto na newsletter de hoje.

Mas à tarde estava lendo um livro, e me surgiu outro tema que gostaria de escrever sobre, e como é um tema que tem surgido muito nas minhas mentorias, percebo que é algo recorrente, resolvi fechar o domingo tratando deste assunto.

Vamos em frente.

Você, como todos, se relaciona com pessoas ao longo da sua vida, família, amigos, colegas de trabalho, chefes, empregados, seu parceiro ou parceira.

Através destas relações você se movimenta na vida, forma uma família, tem filhos, é contratado para um emprego, recebe uma promoção, é demitido, é traído.

Enfim, coisas boas e ruins acontecem a partir da sua relação com as pessoas.

Vamos focar em um exemplo específico, vivido por muitas pessoas, talvez por você.

Alguém está trabalhando há 10 anos em uma mesma posição, mas acaba sendo demitido. Logo vem o sentimento de injustiça, porque simplesmente foi dispensado depois de tanto tempo contribuindo para a empresa, para o dono da empresa, seu chefe. Neste momento o sujeito sente ainda mais a injustiça, pois considera ter trabalhado muito tempo recebendo menos daquilo que realmente fazia jus.

Você pode ter vivido algo muito parecido, ou algo diferente, mas com estrutura semelhante, algo que lhe aconteceu, que você atribuiu a responsabilidade a outra pessoa, ficando com uma sensação de injustiça, de não ter sido tratado da forma correta.

Os pensamentos em situações como esta são mais ou menos repetidos. Sou injustiçado. Fulano foi culpado. Por isso não consigo dar certo na vida, recebendo rasteiras como essa.

Qual a origem destes pensamentos? O que há de comum?

O pensamento de vítima.

A ausência de autorresponsabilidade.

Você atribui a sua derrota, o seu fracasso, a sua dificuldade, a uma outra pessoa. Você é somente uma vítima, está sendo prejudicado.

Ainda que outra pessoa não tenha agido corretamente com você, este tipo de pensamento acaba te conduzindo a mais derrotas, pois tira o peso da responsabilidades dos resultados dos seus ombros. Você se acostuma a depositar no outro 100% daquilo que te acontece.

Deixa eu dizer isto de outra forma.

Vou te dizer o que falo para todos os meus mentorados, quando surge situações como esta.

Você não vai gostar, ninguém gosta de ouvir isso, mas é a mais pura verdade.

E confia em mim, me acompanha até o final, porque a mensagem será importante, eu aprendi muito entendendo isso, tenho certeza que a conclusão poderá ajudar você também.

NINGUÉM DEVE NADA PARA NINGUÉM.

Tive de escrever em letras maiúsculas mesmo, pois é muito importante você entender e absorver isto, será um “divisor de águas” para você, eu te garanto. Foi para mim.

Voltando ao exemplo que usei, do sujeito que foi demitido, se sentindo injustiçado pela dispensa, por ter trabalhado 10 anos, por ter trabalhado recebido menos que deveria. Ninguém deve nada para ninguém. A empresa não deve nada para ele, o seu chefe não deve nada para ele.

O sujeito trabalhava e recebia por isso. Mas ele acha que seu emprego deveria ser mantido; isso não impede de ser demitido, pois o chefe pagava por seu trabalho, e em algum momento entendeu que a melhor decisão seria encerrar o vínculo o demitindo.

Mas o sujeito acha que poderia haver mais consideração por ter trabalhado por 10 anos. De novo, a empresa e o chefe não devem nada para ele, pode até ser que algum detalhe da demissão poderia ser diferente, talvez com mais cuidado que pode não ter sido tomado, mas ainda assim voltamos ao mesmo ponto, ninguém deve nada para ninguém.

Você pode também lembrar que o sujeito se acha injustiçado porque recebia menos do que merecia. Mas neste caso poderia ter saído da empresa, até porque vale para os dois lados a ideia de que ninguém deve nada para ninguém.

Como é usual, em casos reais, o empregado não se desliga e procura outra coisa pois teme não conseguir outra colocação. Mas neste caso podemos nos perguntar, será mesmo que o pagamento era injusto, se há ideia do próprio empregado de que não conseguiria se recolocar pelo mesmo valor?

Você já entendeu o ponto, não precisamos seguir detalhando os possíveis desdobramentos do exemplo.

Porque ressalto que ninguém deve nada para ninguém?

Primeiro, porque isto é verdade.

Nós podemos até criar expectativas nos outros em relação a como vemos o mundo, e como acreditamos que deviam nos tratar, agir conosco, mas isto não torna verdadeira a ideia de que os outros tenham débitos conosco. É somente nossa expectativa.

Vamos a um exemplo mais simples. Você simplesmente faz um favor a um amigo, e mais tarde, acaba pedindo a ele um favor, mas este diz não poder te ajudar. Pronto, lá vai você ficar chateado, se sentir injustiçado.

Aqui entra o que considero a falta de apresentação das letras miúdas. O que é isso? Sabe aqueles contratos que tem uma parte final, quase escondida, com letras miúdas que você não consegue ler? Exato, isso mesmo.

Quando você faz o favor para o seu amigo, você apresenta a ele os termos do contrato, apresenta as letras miúdas? Você diz a ele: “Olha, posso te fazer este favor, mas contratualmente você estará obrigado a, quando eu precisar, me ajudar, como pagamento do favor que estou fazendo agora”. Você não faz isso, certo?

Logo, ele não está obrigado. Ele não te deve nada.

Você pode estar esbravejando lendo esta carta, dizendo para si mesmo que a atitude esperada era a retribuição do favor.

Exatamente. Esperada. Sabe por quem? Por você. Repito, ninguém deve nada para ninguém, por mais que você não goste disso e exija que os outros te tratem como você gostaria (novamente, esta é somente a sua expectativa).

Só abro um parêntese. Não estou dizendo que penso que as pessoas não devem agir pela reciprocidade, somente estou dizendo como as coisas são, como é a realidade.

Mas mais que isso, quero te dar outro ponto de vista, pois pensar assim te coloca um fardo, você fica esperando favores, vantagens, reconhecimentos, que poderão não vir, então é melhor você já desconsiderá-los, e tomar toda responsabilidade de seus resultados para si próprio.

Crie seu próprio caminho sem depender de retribuições. Se vierem, você somente estará no lucro.

Outro ponto a considerarmos.

Fazemos algo, e a partir disso criamos nossas expectativas de como os outros devem reagir, porque construímos a ideia de que nos sacrificamos, nos comprometemos pelo outro.

Mas vamos pensar do quanto fazemos pelo outro, ou fazemos por nós mesmos.

Exemplo simples de novo.

Os pais pagam a faculdade de seu filho. Quando este resolve seguir uma carreira diferente, e não aquela que se formou, os pais cobram que ele siga a carreira da faculdade cursada, e ressaltam que fizeram um sacrifício para isso, pagaram sua faculdade.

Mais uma vez, uma mera expectativa dos pais. E a alegação? Fizeram um sacrifício pelo filho? Penso que podemos considerar que fizeram por si mesmos, porque os pais querem o melhor para seus filhos, e se sentem bem por fazer isso, por poder dar o seu melhor. Assim fizeram os pais, fizeram por eles mesmos, atendendo ao seu chamado como pais, seu amor.

O filho não deveria ser chamado a pagar um débito.

Ou pensamos desta forma, ou criamos em todo relacionamento infinitas transações obrigacionais, um emaranhado de deveres que tira toda espontaneidade dos gestos.

Quando eu faço algo pela pessoa que amo, posso até dizer que faço por ela, mas na verdade faço por mim mesmo, para atender o meu sentimento de amor, porque me sinto bem por dar o meu melhor para a pessoa que amo. Não estou gerando uma contrapartida obrigacional para que ela fique me devendo uma.

Mas vamos nos encaminhar para o fechamento da carta, até porque este assunto poderia preencher um livro inteiro.

O grande problema de você ver o mundo a partir desta perspectiva de que suas expectativas sobre as pessoas geram deveres, é que você se coloca em uma posição de vítima, e retira sua autorresponsabilidade.

Brevemente.

Temos um sabotador dentro de nós, em algumas pessoas ele fala mais alto, que é aquela voz que nos diz que somos injustiçados, que o mundo está contra nós, que fazemos tudo certo, mas que simplesmente nos acontece coisas ruins que fazem com que não consigamos vencer na vida, chegar nos resultados que temos.

Mas este pensamento apenas acomoda você, pois diz a si mesmo que não adianta fazer nada, pois nada dá certo mesmo. E o pior, eventualmente as pessoas te ouvem, e alimentam este tipo de pensamento seu, então você fica preso nele, pois é uma forma de manter a atenção das pessoas.

Este tipo de atitude também afasta a ideia de autorresponsabilidade, o que é muito perigoso para o seu crescimento, pois assim como no pensamento da vítima, você acaba atribuindo seus resultados à ação de outras pessoas.

E se aquilo que acontece com você, seus resultados, não dependem de você, mais uma vez você encontra uma razão para se acomodar, não adianta fazer nada mesmo.

Você percebe o quão danoso é este tipo de pensamento?

Resumindo a ideia, para deixar bem claro.

Você mantem relações, criando expectativas, passando a entender que as pessoas devem algo para você. Quando as coisas não dão certo, você atribui aos outros, seja porque alguém te fez algo, porque não te ajudou, enfim, você é uma vítima, e os outros, por não terem agido como você esperava, te levaram a um resultado indesejado.

Agora, se você assume que ninguém deve nada para ninguém, se livra facilmente do sabotador vítima, e incorpora a ideia de autorresponsabilidade, passando a ser o comandante de seus próprios resultados, não dependendo de ninguém.

Voltemos ao nosso exemplo do empregado demitido para finalizar.

Se ele está na posição de vítima, se achando injustiçado, conclui que está desempregado por culpa do chefe, e que perdeu anos de sua vida recebendo menos do que seria o justo. Este pensamento somente vai atrair culpa, ansiedade, além de não dar clareza do que fazer, pois o sujeito estará em um mar de pensamentos negativos, tomado pelo emocional, sem chances de acionar seu racional, para alinhar seus próximos passos.

Agora, se ele assume a autorresponsabilidade, admite que seu chefe não te devia nada mesmo, não perde tempo culpando ninguém, não se deixa levar por pensamentos negativos, ficando com a cabeça livre para buscar total clareza e alinhamento de seus próximos passos.

Ninguém deve nada para ninguém.

Quando eu adotei esta visão, foi libertador, para mim e as pessoas na minha volta.

Penso bem quando faço um gesto a alguém, pois estou fazendo por mim também, não buscando uma contrapartida.

Quando alguma situação me prejudica, não procuro culpados, independente do que me fizeram ou deixaram de fazer, vou logo buscando soluções, entendendo que todos resultados que busco dependem exclusivamente de mim, 100% minha responsabilidade.

Pensando desta forma busco sempre ser meu melhor eu.

De novo, para ficar claro.

Ninguém deve nada para ninhguém.

Se você ver isto da forma certa, será libertador também para você.

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