O “Desafio Invencível”: como não se frustrar pela vida que não viveu, um guia de como decidir.

1. O “Desafio Invencível”.

Você deve, neste exato momento, ter em pensamento algum cenário alternativo, onde sua vida poderia ter sido, ou poderá ser melhor.

Isto é o que eu chamo de “Desafio Invencível”.

Desafio, porque você desafia sua própria realidade atual e a coloca em direto confronto com um cenário imaginário.

Invencível, porque sua realidade atual não tem a mínima chance, ela será sempre derrotada.

Talvez você ainda não esteja bem convencido, mas vou trazer exemplo, para estimular você a também fazer este exercício (se bem que acredito que você o faça muitas vezes, só não se preocupou em dar um nome a ele).

2. Vivenciando um cenário imaginário.

Inicio por um cenário imaginário que ouvi um dia destes, em um podcast (não me lembro qual, pois sou consumidor voraz de podcast, ouço no carro, lavando a louça, correndo, pedalando indoor).

Uma mulher, olhando para seu marido jogado no sofá, vendo futebol em um domingo, resolve dar aquela checada em suas redes sociais, encontra um post de um ex-namorado da faculdade, de uns 20 anos atrás, e no post ele está na Itália, elegantemente trajado, tomando uma taça de vinho em um cenário paradisíaco, e investigando mais, verifica que ele está ainda solteiro, e se encontra em viagem de negócios, pois é executivo de uma empresa multinacional.

A mulher rapidamente entra no modo “Desafio Invencível”, e imagina como poderia ter sido o próprio destino se tivesse casado com este ex-namorado, e logo se imagina na Itália, tomando aquele vinho, curtindo uma maravilhosa viagem. A comparação é inevitável, olha para seu marido, e sente a decepção de passar seu final de semana em casa vendo futebol na tv, quando poderia estar aproveitando a sua grandiosa vida alternativa.

Entendeu agora o nome “Desafio Invencível”?

Invencível porque se trata de um cenário imaginário, que não sofreu o ataque da realidade, e portanto, é incrivelmente perfeito e livre de falhas.

Mas todos cenários de realidade tem coisas boas, e naturalmente, tem coisas ruins, obstáculos, dificuldades, pontos a serem resolvidos.

Vamos ficar no campo da imaginação ainda, mas tentar dar um toque de mais realidade ao cenário alternativo da mulher.

Voltamos 20 anos no tempo (sim, as viagens no tempo são recorrentes nos meus textos correto? Talvez a influência das décadas de 80 e 90 repleta de filmes com viajantes do tempo), e agora a mulher se casou com o ex-namorado.

Mas ao invés de já saltar para a Itália 20 anos depois, vamos salpicar este cenário alternativo com possíveis doses de realidade.

Eles casaram e se formaram na faculdade. O ex-namorado, agora marido, quer estar preparado para uma possível carreira internacional, e procura um MBA nos EUA, mas a mulher pede que não vá, não quer ficar sozinha no Brasil, mas também não quer viajar e ficar longe da família. Ele abre mão e faz uma pós graduação no Brasil mesmo, não exatamente a que queria, mas a que foi possível.

A mulher, por desejo, mas também por pressão da família, quer logo ter filhos, logo vem os gêmeos, e ela interrompe sua trajetória profissional por um tempo, para dar mais atenção aos filhos.

O marido está, por sua dedicação e esforço, subindo aos poucos em sua carreira, o que tem lhe exigido mais tempo de trabalho. Isso começa a gerar problemas em casa, a mulher passa a cobrar que trabalhe menos, esteja mais presente com a família, sob pena de não acompanhar o crescimento dos próprios filhos.

O marido compreende o pedido de sua mulher, ele a ama, e ama seus filhos, e acaba abrindo mão de algumas promoções na carreira que sabidamente tomariam muito tempo, até porque ele teria de viajar muito, o que seria incompatível com a vida em família da forma como queriam levar.

Para não estender muito mais, já deve ter ficado evidente para você, que adicionando poucas pitadas de realidade, voltando ao hoje, a mulher não estará com seu ex-namorado (agora marido) tomando vinho na Itália, pois ele não terá este cargo de executivo viajante em carreira internacional.

Possivelmente ele esteja muito bem, trabalhando feliz, e só curtindo um final de semana, em casa, com a família, assistindo futebol na sala com os gêmeos, agora já adultos.

O exemplo começa pela mulher, pois foi exatamente a história que ouvi (o cenário ideal, o outro é fruto da minha imaginação), mas poderia ter como personagem central um homem, tanto faz, não se trata de estereótipos.

3. A realidade sempre perde.

O ponto que quero deixar claro: a imaginação sempre vai bater a realidade.

Exatamente porque a imaginação não precisa se submeter ao teste da realidade, o cenário imaginário você cria livremente na sua cabeça, portanto ele será sempre perfeito.

Eis o “Desafio Invencível”. E somente de você entender este conceito, passar a chamar também desta forma, você vai julgar de forma menos injusta sua realidade atual, pois vai entender que, como viveu ela de verdade, este é o único cenário que passou pela prova da realidade.

Sendo o seu presente o único cenário efetivamente testado, você não deve sofrer por cenários alternativos isentos deste teste, pode ter certeza, eles não seriam como você está imaginando.

Nossa vida é repleta de uma quase infinita sequência de bifurcações, que nos coloca diante de escolhas a todo momento, e cada uma destas escolhas abre uma realidade completamente diferente da que vivemos.

Você pode viver culpado, ansioso, angustiado, se ficar percorrendo estas bifurcações do passado constantemente, refazendo na sua imaginação as escolhas.

Como deixei claro, sempre que você trilhar na imaginação um caminho diferente, este não é testado pela realidade, portanto mais próximo do que seria um desfecho perfeito, e daí vem a frustração.

Não existe realidade alternativa, existe somente a sua realidade, hoje.

4. Você só tem a sua decisão. E pode estar sempre certo!

A única coisa que você deve fazer é escolher o que lhe parece melhor no momento, então se dedicar de corpo e alma àquela escolha, buscando fazer ela ser a melhor.

E se não for?

Sempre será!

Não importa o que aconteça depois, se você escolheu o que no momento julgou ser o melhor, e se entregou de corpo e alma para fazer acontecer, a escolha já foi a melhor, já deu certo.

Pegou a ideia?

Não é o resultado que torna uma escolha a certa, a melhor.

O que torna uma escolha a certa é você ter tomado a decisão que julgou ser a melhor, movido por suas próprias razões, e se dedicar por inteiro para que dê certo.

Mas e o resultado?

Este é só o teste da realidade agindo sobre suas decisões.

Lembre-se do que eu sempre digo, você controla seus pensamentos (decisões), a partir disso age, continua agindo em um mesmo sentido, forma hábitos, e estes, sofrendo ainda os efeitos do teste da realidade (que você não controla), acabam gerando os resultados.

Você não controla tudo, somente seu pensamento e decisões.

Talvez você esteja já perdido, divagando sobre sua própria vida.

Mas talvez você esteja muito atento ao texto, e se perguntando: “mas no começo ele comentou sobre eu pensar em cenários alternativos de como minha vida poderia ter sido, ou será melhor, mas somente exemplificou o primeiro caso, a análise de decisões do passado, mas nÃo falou nada quanto a análise do futuro”.

Para você que está atento, ou mesmo desatento, alertado por mim agora, no momento só digo que são coisas realmente diferentes.

O texto de hoje tratou sobre revisitar decisões passadas e seus cenários alternativos perfeitos.

Totalmente diferente é projetar um cenário alternativo futuro, de uma decisão que você ainda pode tomar.

Mas este é um texto para outro dia.

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