O guia definitivo do sucesso: a mentalidade que me transformou de nerd em Ironman

Como olhamos para nós mesmos?

Você se faz esta pergunta, ou já se fez esta pergunta em algum momento?

Ainda que você não se faça esta pergunta, eu posso te afirmar, sua vida está neste exato momento sendo moldada por como você se vê, ainda que isso esteja acontecendo de forma inconsciente.

Escola e Videogame: sucesso e prisão. Você já ouviu falar em mindset fixo?

Me permita recuar um pouco no tempo, tá, muito na verdade, deixa voltar uns 30 anos, para quando eu era uma criança, ou adolescente (na antiguidade nem havia esta diferenciação, a ideia de adolescência ganha força nos séculos XIX e XX, mas este é um assunto para outro texto).

Nesta fase da minha vida, apesar de amar esportes, parece que eles não me amavam, eu não era realmente bom em nenhum. E o que acontece então? Nasce um nerd, CDF, adote o termo que preferir, mas é aquela criança então que deixa as atividades físicas em segundo plano, passa a ser o estudioso, considerado inteligente, que tira as notas mais altas da turma.

Eu era aquele menino magrinho, usava óculos, estudava e tirava notas altas, e era considerado muito inteligente, e realmente me destacava na escola.

Mas surgiu outro “talento” (propositadamente vou manter talento entre aspas, você vai entender mais adiante), eu amava videogames, e me tornei realmente muito bom, e era outro campo de extremo destaque meu, em grande parte dos jogos (acredito que na maioria) eu facilmente superava muitos colegas e amigos, às vezes até com certa facilidade.

Eu não conhecia ainda alguns conceitos como foco, disciplina, treino, esforço, garra, eu tinha um mindset definido, mas eu nem mesmo sabia o que era mindset. Mas vamos seguir na história.

O que aconteceu? Eu criei uma versão de mim mesmo, o Cesinha (como era chamado por toda a vida em minha cidade de infância) era o menino super inteligente, que só tirava notas altas, e que era imbatível no videogame. Aqui estava meu talento, minha fortaleza, o que definia meu lugar no mundo, que me destacava dos demais.

Duas rápidas histórias para te dar a dimensão do meu destaque:

  • Escola: entre a 5ª e a 8ª série (que chamávamos de ginásio, nem sei mais como se chama) eu somente tirei 100 (a nota lá era de 0 a 100), tive 1 ponto extra por ter feito um trabalho escolar na 5ª série que nunca foi aproveitado.
  • Videogame: visitando um amigo, vi que estavam jogando um jogo novo, se revezando, cada um jogava uma vida, e quando chegou a minha vez, ainda que nunca tivesse jogado aquele jogo, ninguém mais jogou, porque eu cheguei até o final do jogo.

Sem falsa modéstia, eu era realmente bom no que fazia, era o meu mundo, era o que me definia.

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Mas aqui começo a entrar no ponto que pode interessar para você, que é o mindset, que traduz exatamente esta forma como nos enxergamos, e que define como agimos.

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*…a opinião que você adota a respeito de si mesmo afeta profundamente a maneira pela qual você leva sua vida (…) Acreditar que suas qualidades são imutáveis – o mindset fixo – cria a necessidade constante de provar a si mesmo seu valor. *(”Mindset”, Carol Dweck)

Eu vivia no mindset fixo, acreditava que era inteligente, que era o super jogador de videogame, que estas qualidades me definiam e era imutáveis, assim como eu acreditava que eu não tinha aptidões físicas para o esporte, e que isto também era uma qualidade imutável.

O mindset fixo pode causar vários problemas, mas como principais, olhando minha história:

  • Limites. Impede de desenvolver habilidades novas, pois você acredita mesmo que “não nasceu para aquilo”.
  • Prisão. Te aprisiona naquilo que seria o seu sucesso, mas vira um fardo, pois você sente que tem de continuar se provando para os outros, para você manter o status de quem você é no mundo.

E isto me atingiu em cheio!

Deixei esportes e atividade física de lado (até que isto, somado a alto estresse profissional, me levaram a um quase infarto.

Mas o ponto que quero focar neste texto, me tornei um prisioneiro, um verdadeiro escravo do meu sucesso, minhas qualidades me definiam, portanto eu tinha de me provar o tempo todo, sob pena de fracasso absoluto.

Escravo de você mesmo. A incrível fórmula da infelicidade.

A melhor forma de te explicar isso é contar um pouco mais sobre a minha própria história, o que aconteceu com o super jogador de videogame e o aluno nota 100.

Vamos começar com o aluno. Eu sempre amei ler, escrever, estudar…até que comecei a ser definido como o inteligente, o mais inteligente, e que se criou uma expectativa em torno de mim, agora minhas notas não eram mais o resultado de algo que eu fazia por que gostava, era uma obrigação imposta para que eu continuasse sendo aceito e validado por outros.

Eu passei a me ver através dos outros, deixei de olhar para dentro de mim, minhas paixões, meus gostos, e passei a reagir à imagem que os outros fizeram de mim a partir de coisas que fiz. Tirei notas altas, fui considerado inteligente, as pessoas tinham a expectativa de que eu sempre tiraria notas altas, portanto, estas passaram a ser uma obrigação.

Agora, ou eu tirava notas altas, ou eu deixaria de ser quem eu era. Mas e se isto acontecesse, quem eu seria?

Eu não sabia mais ser alguém por mim mesmo, ou somente sabia ser a expectativa que os outros tinham de mim.

Confesso que foi uma verdadeira tortura obter 100 em ciências da 5ª à 8ª série, mas como tinha a história daquele 1 ponto extra que ganhei na 5ª série, não pude aproveitar na primeira prova que tirei 100, e ao longo da 5ª série ele foi sendo postergado para a próxima prova, e eu voltava a tirar 100, e então na minha cabeça agora eu tinha de tirar 100 sempre, para mostrar que eu era tão inteligente, tão incrível, que nunca precisaria daquele 1 ponto extra, e assim aconteceu, durante toda a 5ª série.

Na verdade, eu nem poderia usar este ponto extra nas séries posteriores, mas o “fantasma” da 1 ponto, da perfeição em Ciências, continuou me assombrando, pois eu imaginava que decepcionaria os outros se eu falhasse, eu tinha de “manter a escrita”, eu continuaria validando minha inteligência enquanto isso fosse irrefutável para os outros, teria de haver provas.

Pegou o ponto? Agora eu era um escravo da minha inteligência, pois eu tinha de provar que era realmente inteligente, pois era isso que me definia.

Este é o efeito do mindset fixo, pois você não acredita que as qualidades são mutáveis, você não acredita no crescimento, se você tira 7 (de 0 a 10) em uma prova não foi um dia ruim, falta de estudo de algum ponto, como você acredita que as coisas são ou não são, a conclusão é de que você é burro.

O resultado passa a te definir. Tirou 10 (de 0 a 10): Inteligente. Tirou 6: Burro. Tão simples quanto isto.

E esta prisão me acompanhou por toda a faculdade e minhas duas pós graduações, pois ser inteligente era o que me definia, e eu acreditava que a nota me definiria, nota boa, segue a vida e você mais uma vez provou que tem valor, nota ruim, você fracassou e todos vão descobrir que você é uma farsa.

No mindset fixo a derrota não é uma oportunidade para aprender, ela é o fracasso, acabou, game over, você é um fracassado, uma farsa, e todos vão descobrir.

Como me alonguei na história da escola, serei muito breve na do videogame, até porque você já entendeu bem o conceito do que eu quero transmitir.

Vamos trazer a mesma fórmula de escravidão para o mundo do videogame. Ou eu continuava vencendo, e provando meu valor, ou se falhasse em algum jogo, eu seria um fracasso, mais uma área em que me descobriria uma farsa.

Isto tirou muito do meu prazer pelo videogame, pois deixou de ser uma diversão, passou a ser um peso, uma obrigação, mais uma atividade na qual eu tinha de me provar.

Eu sei, mas você agora deve estar pensando: “mas o videogame ele poderia jogar sozinho e se divertir, ninguém saberia se ganhou ou perdeu”.

Mas aí que você se engana, nunca estamos sozinhos, sempre estamos com nós mesmos, nosso consciente, nosso ego, mora dentro de nós, e este é o pior algoz de todos, não te deixa descansar. Eu tenho certeza que agora você assentiu com a cabeça, e concordou, não é mesmo?

Eu deixei de jogar jogos que eu adorava, pois as fases ficaram muito difíceis, e se eu falhasse estaria provado que não era tão bom mesmo. Então você passa a fugir do momento do julgamento. Foi o que fiz algumas vezes, eu sei, é uma loucura total.

E qual a conclusão de tudo isto? Virei escravo daquilo que seriam minhas qualidades, e agora ter os resultados que em algum momento lá atrás me traziam alegria, agora eram o mero cumprimento de um dever, mais que isso, uma necessidade para me provar diante de mim mesmo e dos outros.

Quer melhor fórmula da infelicidade? Você pega tudo que gosta, coisas nas quais naturalmente fica bom, e as transforma em obrigações, em provas para demonstrar que você tem algum valor no mundo.

Mas e como estou hoje?

Ironman: qualquer coisa é possível. O nerd que virou triatleta.

Hoje está tudo diferente, o que já serve para te dizer que há um caminho, pois você pode ter se identificado com tudo que expus até aqui.

Se este é o caso, fique tranquilo, há um caminho, e ele se chama mindset de crescimento.

Se você chegou até aqui no texto, a história deve estar fazendo sentido para você, então deixa eu continuar mais um pouco, prometo ser breve. Vamos pular para meus 40 anos, quando minha vida sedentária e estressada como advogado empresarial me levou a um quase infarto.

Neste momento iniciei uma transição radical em todas as áreas da vida, ajustei alimentação, sono, e passei a praticar esporte, no meu caso, o triathlon.

Eu começava meu passo mais importante, encarar algo que meu mindset fixo dizia para eu não fazer, pois desde a infância estava definido que eu não era um cara nascido para os esportes, lembra?

Pois então, encurtando muito a história, e comece a nadar aos 41 anos, passei a encarar mais seriamente o triathlon aos 42, quando fiz minhas primeiras provas (distâncias curtas), e aos 45 anos eu estava completando meu primeiro IRONMAN (prova na qual nado 3,8km, pedalo 180km, e corro 42 km, e sim, tudo em sequência, no mesmo dia, sem parar). Confirmei o feito ainda aos 46 anos, completando o meu segundo IRONMAN.

Tudo o que eu acreditava caiu por terra, as habilidades não são fixas, tudo pode ser desenvolvido, pois se o nerd se tornou IRONMAN, devo acreditar no slogan do próprio IRONMAN, que é: “Anything is possible” (Qualquer Coisa é Possível).

Eu finalmente entendi que não precisava viver através dos rótulos que eu recebi, eu poderia ser quem eu quisesse, fazer o que eu quisesse.

Vejam bem a diferença básica:

  • O mindset fixo me diz que as qualidades são imutáveis, então o sucesso está em provar que sou inteligente, talentoso, preciso me afirmar. E foi o que fiz até conhecer o triathlon.
  • O mindset de crescimento desafia a ideia acima, pois aponta que as qualidades são mutáveis, podem ser aprendidas, desenvolvidas, nada é permanente, mas sim temporário, e dependente de um esforço focado, portanto, neste mindset o sucesso está em se desenvolver, está em um processo no qual eu cresço, aprendo coisas novas, não me limito.

Como o mindset fixo foca no talento, ele é uma fotografia, eu tenho ou não tenho, preciso mostrar ao mundo meu valor dizendo que tenho o talento, ou sou fracassado. Eu tinha de tirar notas altas, e vencer nos jogos, senão seria um fracasso, e perdia até mesmo quem eu era.

Já o mindset de crescimento foca no esforço, ele é um filme, então um momento específico não me define, diante de uma derrota não sou um fracassado, somente tenho um ponto a ser desenvolvido. As notas são somente uma consequência, o que eu busco é aprender coisas novas, crescer enquanto pessoa, desenvolver minhas habilidades.

Como descobri o mindset de crescimento? Tecnicamente, somente quando li o livro, em 2022, mas vinha vivendo desde 2020, quando iniciei no triatlhon, pois ignorei o rótulo de que eu não era bom em esportes, e me lancei não somente a fazer um esporte, mas um esporte em que combina modalidades e habilidades diversas, exige muito física e mentalmente.

Consegui descobrir o mindset de crescimento porque iniciei em algo que não era bom, portanto estava livre da pressão de mostrar algo aos outros, e fui descobrindo o prazer de fazer algo novo, a felicidade pelo crescimento, o famoso “1% melhor todo dia”, realmente me apaixonei pelo processo.

O triathlon construiu em mim a mentalidade de crescimento, pois mesmo quando passei a ser reconhecido como atleta pelos outros, eu não estava preocupado em provar, na validação externa, que seria cruzar a linha de chegada do IRONMAN, meu ângulo de visão mudou, eu somente queria ser minha melhor versão, e que esta fosse capaz de cruzar a linha de chegada e ouvir a frase: “Cesar, você é um IRONMAN”.

Você percebeu a sutil diferença, mas que muda tudo?

Duas opções seriam possíveis aqui:

  • Quero cruzar a linha de chegada do IRONMAN, para provar a todos que sou um bom triatleta mesmo, que as expectativas sobre mim se justificam, não posso decepcionar ninguém, isto se tornou uma obrigação, e se eu não cruzar a linha de chegada terei fracassado, e todos verão que não sou o atleta que acreditavam que eu era (mindset fixo).
  • Quero a cada dia me tornar a minha melhor versão, ser o melhor triatleta que eu possa ser, através de dedicação, foco e disciplina, ver meu crescimento surgir na frente dos meus olhos à partir de meu próprio esforço, ampliar meus limites, e estou certo de que esta versão será capaz de cruzar a linha de chegada do IRONMAN, e se não for, aprenderei com os erros, e através de mais esforço, criarei minha nova melhor versão, pois minha realização está nesta construção de quem sou, não sou algo pré definido (mindset de crescimento).

Lembra a mesma história do videogame, quando eu abandonei alguns jogos por querer evitar o momento do julgamento, e talvez descobrir que não era bom? O mindset de crescimento muda a perspectiva, eu busco é desenvolver minhas habilidades em cada jogo, quero me tornar a versão capaz de vencer aquele desafio, o resultado em si não é o mais importante. Pronto! Estou curado e apto a jogar videogames novamente, simples assim.

A diferença final de mudança de mentalidade é muito grande, eu posso garantir isso.

Seja quem quiser: uma página em branco de oportunidades.

Espero que a minha história possa contribuir com você, não se limite por rótulos, não acredite em talentos fixos, não sinta necessidade de se provar para os outros, não transforme coisas que você gosta em um fardo na sua vida.

Se você se identificou com meu texto, e ainda sente dificuldade de se libertar da prisão de ter de corresponder às expectativa dos outros, vou te dar uma dica: ninguém liga! A grande verdade é que as outras pessoas se preocupam bem menos conosco do que nós pensamos.

Cada um está muito preocupado em defender suas próprias fronteiras invisíveis, sem tempo e disposição para efetivamente se preocupar com o outro.

As críticas podem existir, mas não dizem sobre você, mas sobre o seu impacto no outro, pois se você se permitir a crescer, isto pode doer no outro, pois revela a mediocridade de quem não cresce, de quem fica no mesmo lugar.

Se abra para o mindset de crescimento, busque coisas novas, conhecimentos novos, se desafie pelo processo de ser sua melhor versão, busque a excelência, claro, mas por seus próprios motivos, não para atender expectativas de uma competição que somente existe dentro da sua própria cabeça.

Se abra para o mundo, que o mundo se abre para você!

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