1. Dinheiro: Idolatria ou voto de pobreza?
Você quer ser feliz, eu também, acredito que todos queremos.
E o assunto felicidade sempre se encaminha para o dinheiro.
Há quem defenda que o dinheiro é fundamental, pois traz todo conforto que se pode comprar, e também te libera de alguns problemas.
Em contraposição, temos aqueles que claramente dizem que dinheiro não traz felicidade, e até apontam grandes problemas que vem com o dinheiro.
Você pode ter concordado com uma posição, e ter torcido o nariz para a posição oposta, conforme leu os parágrafos acima.
Para mim encontramos nesta discussão dois problemas claros:
- Extremismo.
- Foco errado.
2. Extremismo. O jogo da vida. Escore do dinheiro.
Quando as pessoas levam discussões excludentes, é isso ou aquilo, só dinheiro traz felicidade, tem que ganhar cada vez mais para ser feliz, ou de outro lado, dinheiro não tem nada a ver com felicidade, quanto mais, mais problemas e infelicidade.
E a posição intermediária? Se olharmos de forma mais serena, começamos a resolver este problema, e já resolvemos o segundo de quebra.
O extremismo muitas vezes decorre do estágio atual de riqueza (ou pobreza) de cada um, e mais que isso, de sua visão de mundo (de escassez ou abundância).
Esclarecendo. Quanto mais pobre atualmente for a pessoa, e cultivar uma visão de escassez, dizendo para si mesma frases como “dinheiro não dá em árvores”, “quem é rico é ladrão”, mais estaremos próximos de um extremista defensor de que a felicidade não está no dinheiro.
E quanto mais rica atualmente for a pessoa, e tiver uma visão de abundância, menos tolerância terá com aqueles que pensam muito diferente, considerando que são somente vagabundos que não querem trabalhar, e aí teremos um extremista defensor de que a felicidade depende do dinheiro, pois este traz todo o conforto.
Mas e uma visão intermediária, é possível?
Quando falamos de visão, falamos de mentalidade, portanto, já deixo claro, que a posição sobre o assunto deve fugir dos extremos, não deve ser contaminada por quem tem pouco (e acredita que nunca vai ter), ou por quem tem muito (e acredita que é o único caminho).
Em cálculos estatísticos estes seriam chamados de outliers, ou foras de série, são aqueles valores desconsiderados em uma curva estatística, pois somente distorcem a média.
Ao eliminarmos visões extremadas, começamos a entrar então em um campo de dúvida, pessoas que na verdade se perguntam genuinamente, elas não tem certeza, e você pode estar nesta multidão.
Chegamos àqueles que realmente buscam uma resposta para a pergunta. Afinal, o dinheiro traz ou não felicidade?
Aqui vamos ter uma mistura de pessoas que tem pouco, mas tem uma mentalidade de abundância, e também pessoas que tem muito, mas tem mentalidade de escassez, e todos estes não estão ainda devidamente calibrados no assunto dinheiro e felicidade, estão em busca da equação ideal.
Vou falar de mim, há poucos anos atrás, advogado de sucesso, reconhecido, dono de meu próprio escritório, fazendo muito dinheiro, mas em dúvida quanto à relação felicidade e dinheiro. Eu tinha todo conforto que o dinheiro poderia proporcionar, mas o que acontecia então?
Atento ao título da carta, eu já tinha aberto mão do voto de pobreza, estava fazendo muito dinheiro, mas aí está o ponto, vamos ao outro termo que coloquei no título: idolatria.
A idolatria ao dinheiro significa endeusar ele, ter ele como um fim em si mesmo, adorar o dinheiro pelo dinheiro, e porque eu cheguei a este ponto em algum nível, e muitos chegam a este ponto, talvez você mesmo (eu não tenho como afirmar, você pode investigar isso em si mesmo)?
Porque o dinheiro é o sistema de pontuação do jogo da vida atual, é o escore do status, atribui o valor de cada um.
Como as pessoas, de forma geral, não se conhecem, não definem seu propósito e objetivos de vida pessoais, acabam ficando reféns de seu ego e autoimagem, mas esta depende da visão dos outros sobre nós mesmos, ou seja, passamos a ser dependentes do que o outro pensa de nós, se nos valoriza ou não.
E como usualmente as pessoas se atribuem valor hoje em dia? Acertou! Dinheiro. Você é rico, pobre, ou está em alguma tonalidade de cinza no meio disso (fiz a referência, mas não, não vi os filmes nem li o livro…nem entendeu o que eu disse? Melhor ainda).
Idolatria ao dinheiro. As pessoas amam o dinheiro em si, pois ele representa a pontuação em seu escore do jogo da vida, e diz que ela é alguém.
Por isso temos os extremos.
Lembra daqueles jogos de tabuleiro, você criança, a turma toda jogando, alguém perdendo, mais que isso, perdendo feio, e todos os outros zombando, até o ponto que o perdedor simplesmente batia no tabuleiro, as peças voavam pra tudo quanto era lado, e ninguém mais sabia a posição de cada um, o jogo estava terminado, bagunça total, o perdedor não suportou aceitar.
Imagina a vida real, muito pobres com visão de escassez não concordam com o jogo da idolatria do dinheiro, os muito ricos dizem que o jogo está certo, é este mesmo, pois cada um precisa confirmar seu ponto.
Então nascem os extremos, voto de pobreza contraposta à idolatria do dinheiro.
Pegou a ideia? Estamos prontos para avançar.
3. Foco errado.
Por que afirmo que o foco está errado? Bom, esta é a minha visão, você poderá concordar ou não, mas acompanha meu raciocínio.
Toda discussão dos extremos está focada no dinheiro, portanto, o olhar está voltado para o lado errado.
Na minha newsletter de 12/08 (última segunda-feira) entitulada “Como fazer a coisa certa. Os 10 passos que te deixarão mais perto do sucesso.” eu trago a afirmação que replico abaixo.
💡 Todo comportamento humano é uma função entre um estado atual e um benefício buscado.
E a partir dela, faço uma nova afirmação.
💡 O foco correto está em entender que, assim como o comportamento, o dinheiro é uma função entre um estado atual e um benefício buscado.
Entender desta forma nos afasta da idolatria, pois deixamos de tratar o dinheiro como um fim em si mesmo, deixamos de lado o acúmulo com significado de marcar pontos no escore do jogo da vida.
O foco correto está em colocar o dinheiro no lugar dele, ele tem de ter uma função, ele é um meio para se chegar a algo, não o fim.
Inclusive é esta a origem do dinheiro moeda como conhecemos, que somente foi uma forma mais fácil e mais portátil, pois no começo as trocas aconteciam diretamente. Quem fazia espadas mas queria comer carne, trocava espada por gado (não presenciei nada disso, mas estou certo de que era mais ou menos assim).
Mas parece que perdemos esta conexão, o entendimento do dinheiro como um meio.
Portanto, o que buscamos efetivamente é um estado de bem estar subjetivo (que é como pesquisadores e psicólogos chamam a tal da felicidade), o dinheiro nos dará (ou não) acesso a ele.
Vou evitar um grande aprofundamento, sob pena desta newsletter virar um livro, mas muitas pesquisas apontam que a felicidade, o bem estar das pessoas, a sensação de significado, advém das interações humanas, ou seja, quanto mais interações temos, e quanto maior a qualidade das mesmas, mais felizes somos.
Esta conclusão encontra eco em depoimentos de pessoas próximas da morte, como podemos encontrar em alguns livros que tratam sobre os arrependimentos das pessoas em seus últimos momentos, ao declararem que queriam ter trabalhado menos, ter sido mais presente na vida das pessoas que amavam.
A partir desta ideia, de que a felicidade está vinculada a mantermos mais interações sociais, e de mais qualidade, isto nos remete a dedicarmos mais tempo para a pessoa que amamos, nossa família, nossos amigos.
Mais interações e de mais qualidade demanda dinheiro? Não sei o que você respondeu, mas eu, sinceramente, penso que não depende de dinheiro.
Agora sim! Penso que você discordou mentalmente da minha última frase tendo em mente a afirmação “com mais dinheiro poderei ter mais tempo”.
É isso!
Tempo! Então não se trata de dinheiro, mas sim de tempo.
E se considerarmos que o dinheiro pode nos dar tempo, que tempo pode nos garantir mais interações de qualidade com pessoas, que as interações nos trazem mais felicidade, então podemos considerar que o dinheiro ajuda a trazer felicidade?
Sim, afirmativo. Mas neste caso colocamos o dinheiro em seu devido lugar, de meio, ele tem uma função, o dinheiro serve para se adquirir tempo, e com este conseguimos estar mais próximos da felicidade.
4. A fórmula definitiva. Quem domina o tempo, domina a vida.
Vamos organizar em um passo a passo, uma possível trilha da felicidade:
- Faço dinheiro;
- Com dinheiro consigo ter mais liberdade, mais tempo;
- Tendo mais tempo, posso estabelecer mais interações, me dedicar mais a elas;
- Felicidade! Como fruto das relações de amor, família e amizade, com o tempo de qualidade para estas interações.
Mas então podemos ir além, e considerar que o tempo também é um meio? Penso que sim.
💡 Dinheiro e Tempo serão uma função entre um estado atual e um benefício buscado.
Busco a felicidade, estar com pessoas que amo, para isso preciso de tempo e dinheiro.
Tempo e dinheiro, ambos serão as moedas na minha busca da felicidade.
💡 Melhor dica que posso te dar: considerando tempo e dinheiro, somente o tempo é um bem realmente finito, temos uma porção de anos nesta vida, e nada muda isso, enquanto o dinheiro é abundante, não tem limites, posso em algum momento dispor de determinada quantia, mas ela pode aumentar, isso pode mudar, diferente do que ocorre com o tempo.
Sabendo disso, já temos um vencedor, o tempo é mais valioso.
Você precisa entender disso, todos nós precisamos, pois a forma como você administra seus recursos dita a forma como você vive.
Agora pense na sua vida, e vamos raciocinar juntos.
Com dinheiro você compra tempo. Se contrata um empregado, se libera de algumas funções (até mesmo domésticas), e com isso você ganha tempo. Gasta dinheiro, economiza tempo.
Com tempo você compra dinheiro. Vendo pelo outro lado, você se torna empregado de alguém, você assume funções que agora irão tomar parte de seu tempo. Gasta tempo, faz dinheiro.
💡 Esta deve ser sua maior preocupação na vida, a exata medida entre tempo e dinheiro, com a clareza de que o tempo é finito e muito valioso, e que o dinheiro é abundante e renovável.
Antes falei de mim há anos atrás, agora falo de mim no presente, quando já está muito clara esta dinâmica para mim, e o tempo ganhou outra apreciação.
Hoje entendo o poder do tempo, e o quanto é muito mais valioso que o dinheiro, portanto, não penso muito quando se tratar de investir dinheiro em algum curso ou mentoria que me fará ganhar tempo, que me dará conhecimento, ou mesmo o esclarecimento de como fazer algo que busco, pois tudo isso me faz dar saltos no tempo, algo que eu levaria 1 ano, realizo em 1 mês, algo que precisaria de 5 anos, resolvo em 1 ano. Você já entendeu.
Quem não entendeu a exata medida entre tempo e dinheiro, e que ainda carrega traços de idolatria monetária, fica preservando seu dinheiro, não investe em conhecimento, portanto, leva anos para ter um crescimento, aprender novas habilidades, ter uma promoção na carreira, porque não acessou a economia do tempo. Este me lembra aquele personagem do Senhor dos aneis, o Sméagol, que se agarra ao anel e fica dizendo “My precious” (se não sabe quem é, busca aí no Youtube, você vai entender bem o que estou dizendo, o quanto esta atitude gera a decadência).
Quem entendeu, não se preocupa em guardar o tesouro, em segurar um bem que é abundante e escasso, utiliza para investir na compra de tempo, seja contratando outras pessoas para se livrar de funções, mas principalmente, comprando conhecimento, dando saltos no tempo, adiantando resultados que levaria muito tempo para ter, e acaba gerando mais resultados, pois atinge níveis superiores mais rapidamente, e como consequência disso, faz mais dinheiro mais rápido.
Entendeu a dinâmica?
💡 Se você entendeu a fórmula está pronto para alcançar a riqueza, de tempo, de dinheiro, de relações de qualidade, e de felicidade.
Este conhecimento me proporcionou uma grande virada de chave, acelerou minha riqueza em todos os sentidos.
Eu espero que você também tenha esta virada de chave, e dê saltos no tempo.
Quem domina o tempo, domina a vida!